Cena da última noite de um espaço onde costumo dançar.
Estava a fazer a minha performance quando oiço um grupo, que estava confortavelmente sentado e em grande "galhofa", bem á minha frente, a falar bem alto como se nada se passasse, fulana diz:
- então não vem cá empregado nenhum para saber o que queremos tomar?
Outra fulana responde:
- acho que só vem alguém quando esta parar de dançar...
E a primeira fulana responde:
- fogo!!! que seca...
Juro que me apeteceu parar de dançar naquele preciso momento e perguntar-lhe:
- se não gosta de ver dança, e não lhe apetece esperar que eu acabe o meu trabalho, porque é que veio? Ou não leu á entrada: Hoje - Dança Oriental com Sara Naadirah? Sim tenho nome e não é "esta"!!!
Claro que continuei a dançar sempre o melhor que consigo, ignorando e fingindo que não ouvia muita da audiência, infelizmente não só aquele grupo, a falar alto e sem ligar a mínima ás minhas performances. Pensam que não custa? Custa sim, e muito...
Primeiro porque, se não apreciam dança, particularmente, Dança Oriental para que é que vão a espaços onde a há?
Segundo porque, já que lá estão e há consumo mínimo, então porque não aproveitam tudo o que o espaço oferece?
Terceiro porque, todas as pessoas que estão a executar o seu trabalho merecem o respeito devido, independentemente, se gostam ou não. E no meu caso, que o trabalho é dançar, o respeito que esse público deveria ter era no mínimo estar calado.
Muitos que irão ler isto, pensarão: "que convencida, é mesmo egocêntrica, agora queria que as pessoas que lá estão parassem de conviver, só porque está a dançar..."
Não! O que peço é o que qualquer artista (também) deseja: RESPEITO.
Aceito que não gostem de Dança Oriental, aceito que não apreciem ver-me dançar, até aceito que nem me estejam a ver, mas que fiquem calados. Para mim, estarem a falar (ainda por cima elevam o tom de voz, pois a música está mais alta) enquanto danço, ou qualquer outra minha colega dança, ou qualquer outro artista mostra a sua arte, seja ela qual for, é uma forma de desrespeito para com essa pessoa. O mesmo que se passássemos por um varredor de rua e atirássemos, á sua frente, lixo para o chão.
Consigo habituar-me a quase tudo, menos isto! E cada vez mais fico chocada com a falta de sensibilidade e respeito pelo próximo. Ainda no passado sábado fui ao cinema, e por três vezes tive de mandar calar a senhora que estava ao meu lado. Ela de certeza que pensou que estava a ver o filme em dvd, na sua casa (até o telemóvel atendeu!) e tive de recordar-lhe que não, mas para ela incomodar os outros parecia um dever... começa a ser mesmo ridículo...
E perguntam-me: se não gostas que te façam isso, então porque vais dançar em espaços propícios a conversa?
Porque apesar de tudo há sempre alguém a prestar atenção, que realmente aprecia o que vê, calado e emocionando-se. E por essas pessoas, vale a pena... mas que revolta, à isso revolta!
Querida Sara, realmente há pessoas que não respeitam ninguém. Concordo contigo, não tem a ver com gostar ou não, mas respeita-se a pessoa e a dança neste caso. Chama-se a isso uma tremenda falta de educação. São pessoas tão egocêntricas que acham que o Universo gira à volta do seu umbigo.
ResponderEliminarAs faltas de educação são tão irritantes, porque para ti parece óbvio e parece que falam línguas diferentes (no fundo têm percepções mesmo diferentes).
Não sou católica, mas quando entro numa igreja católica, tento não fazer barulho e respeitar a fé das outras pessoas. Porque se eu fui lá tirar fotos e conhecer o local, há pessoas que foram lá para terem um momento de oração.
"But what goes around, comes around", recebe-se a triplicar o que se semeia.
Curioso porque ia perguntar-te como desligas quando o público tem atitudes parvas.
O que conta é que para alguém nessa plateia, foi um momento especial e que de alguma forma tocaste o coração de alguém, certo?
E isso aplica-se a todas as formas de arte.
Beijinhos.
A falta de educação é algo que me irrita profundamente. cada vez mais, as pessoas não estão a saber viver em sociedade e isso assusta-me muito. Não respeitar o outro é um reflexo da nossa própria falta de auto-estima...
ResponderEliminarCurioso que só nas casa de fado é que mandam calar "porque se vai cantar o fado". Não percebo porque é que não se faz o mesmo nos outros sítios!
ResponderEliminarÀs vezes também dou um cochicho, também comento o que estou a ver, do género "reparaste naquele movimento?" ou até "bolas que agora desafinou que se fartou", mas fico-me por aí, não desenvolvo altos diálogos. Mas isso sou só eu... e nem sei se tem a ver com educação, tem a ver também com a forma como se encaram e respeitam as várias artes.
Beijinho
Comentar e cochichar, não é grave, desde que não incomode. O que falo é mesmo falta de respeito!
ResponderEliminarOlá Sara, percebo que o sucedido foi de facto de muito mau tom, a falta de civismo e discernimento das pessoas atinge níveis que fazem perder a paciência a um santo.
ResponderEliminarMas não quero deixar de salientar que toda essa revolta interna que se gera em cada um de nós apenas nos desgasta e de nada vale contra indivíduos sem um mínimo de princípios, por mais que nos custe a ignorância é que temos de melhor para retribuir. Nós não podemos mudar o mundo em franca decadência de princípios e valores, podemos sim direcionar as nossas energias em coisas positivas e não a desperdiçar com quem não merece uma linha da nossa dedicação.
Td de bom, boas performances!
Olá Sara!
ResponderEliminarHá pessoas que nem dois dedos de testa tem...
desrespeitam porque não tem educação... A isso que lhe fizeram eu chamo-lhe uma grande falta de educação...
Ninguém merece...
Aquelas pessoas acho que quando estão a fazer qualquer coisa , também gostavam de ser respeitadas...
Mas pronto..
Ainda bem que teve muita energia e força e continuou a dançar..
Assim é que tem que ser e força nesses momentos!!
Beijinhus
Sara Biscainho...