Avançar para o conteúdo principal

Pergunta 6 - O que as alunas significam para ti?

Tudo.

São elas o motor de todo o meu trabalho. Há 18 anos que ensino e posso dizer que já passaram por mim, centenas de alunas (houve uma altura que tinha, entre vários locais, mais de 100 alunas) e todas elas, de uma certa maneira, me ensinaram ou marcaram. Posso também dizer que "cresci" com elas. Motivam-me, desafiam-me, entregamo-nos, inspiramo-nos. Nas minhas aulas, apesar de estar eu a orientar, há uma troca de energias e uma partilha. Eu partilho a minha dança, experiências, momentos de vida e elas a sua vontade de aprender, as suas visões e a sua amizade. É um círculo de mulheres que se juntam em nome da Dança Oriental que engloba muito mais que técnica de dança.

Algumas delas, tornaram-se amigas para a vida. Outras ainda hoje me enviam mensagens embora já não as veja há anos. Pequeninas bailarinas que ensinei anos atras não se esqueceram de mim e muitas, mesmo muitas, ainda se lembram de citações, observações que fazia (e faço) nas aulas que lhes serve para a vida. Felizmente, não me posso queixar destas mulheres que têm passado por mim... até aquelas que me fizeram mal. Porque as houve também. Aprendi muito ao longo destes 18 anos com todas.

Sempre senti que o meu melhor e mais exigente publico eram (e são) as alunas. E sempre senti demais a responsabilidade que é ter um grupo (ou uma só) à minha frente com grandes expectativas de mim. É intimidante. Mas desafiante. São elas que fazem sair o melhor de mim embora, sei que, em certa altura tenha dececionado alguém ou não tenha correspondo às tais expectativas que idealizaram de mim. Sou humana, com falhas e eu tenho plena noção que não agrado a todos.

Sempre fiz questão de exigir das alunas. Tento que consigam transparecer, através da Dança, as suas melhores versões. Busco nelas dedicação com elas mesmas. Faço-lhes comprometerem-se com elas próprias e faço com que sonhem... e tentem tornar esses sonhos realidade. Mas, não sou uma professora "fácil". Tenho plena noção disso. Nem sou muito dada ou simpática e que diz as palavras que as alunas querem ouvir. Digo o que precisam de ouvir - embora possam não entender na altura - para evoluírem e mais tarde conseguirem "andar pelas próprias pernas". Sim. Quero que voem e que não fiquem agarradas às minhas saias. Mas TODAS elas sabem que podem SEMPRE contar com o meu apoio, ajuda, mentoria, amizade quando precisam ou sentem necessidade. Isto é algo que, genuinamente dou, porque foi algo que não tive dos meus professores de dança. Aliás, muito pelo contrário. 

Espero das alunas Lealdade. Respeito. Não espero fidelidade, porque a vida a elas pertence e eu, não sou nenhuma deusa para venerarem. Não espero que digam mal de mim nas minhas costas e sorriam à minha frente. Não espero falsidade. Espero Verdade. Acima de tudo espero que nalgum momento das suas vidas, lhes tenha servido algo que lhes ensinei. Quer tenha sido no palco da Dança ou no palco da Vida.

A todas as mulheres, meninas e alguns meninos que já passaram "pelas minhas mãos" o meu muito obrigado. A minha dança é o resultado das milhares de horas de aulas que já dei. Eu sou a pessoa que sou hoje, também, pela inspiração que vocês me foram nas aulas e fora delas. Ter sido ou ser vossa professora de Dança Oriental é uma honra.

GRATA, profundamente GRATA 💗







Comentários

Mensagens populares deste blogue

Diário de Uma Professora de Dança Oriental - #aula32

 Querido Diário, E chegámos ao final do mês de Maio e a #aula32 acontece numa data muito particular para mim... Foi o dia que comemorei 18 anos de casamento. Sim. 18 anos. Enquanto dava a aula - online, no meu estúdio em casa - o meu marido cuidava e, preparava algo especial e diferente para nós usufruirmos depois da aula terminar e a filhota dormir. A presença e o incentivo por quem nos conhece e acompanha é fundamental no sucesso de quem escolhe uma vida artística. De uma maneira diferente de há mais de 20 anos atrás, hoje, o meu também marido, continua a respeitar e a apoiar o meu percurso que é muito mais do que se vê nos “palcos”. Os bastidores deles são de uma brutalidade inexplicável que só quem os vive sabe. E o meu companheiro de há 25 anos, sabe. Ele vive, e viveu, todos estes espaços e momentos comigo. Todos os altos e baixos. Para bem e para o mal. Talvez seja isso que é verdadeiramente um casamento. Na festa, precisamente há 18 anos atrás, dancei... e o...

Diário de Uma Professora de Dança Oriental - #aula34

 Querido Diário, Foi no passado sábado que aconteceu a terceira aula presencial (e última) desta época lectiva. Estas aulas extraordinárias são importantes. Essenciais para podermo-nos conectar sem o filtro do OnLine. Como já tinha dito anteriormente, por uma questão prática - e não só - as aulas online são eficazes e resultam mas, nada substitui o estar, o “olho no olho”, o toque, o sentir no presencial. O ser humano é um bicho social que precisa desta troca energética e, na dança é fundamental. Por isso, estas aulas esporádicas tornaram-se um encontro ainda mais especial. Porque ali, naquele espaço seguro, aproveitamos ao máximo cada momento. Cada riso. Cada movimento. Cada silêncio reflectido num olhar. Cada palavra traduzida numa dança. Saímos com a alma leve. Com a sensação que valeu cada minuto. Nestas aulas, faço questão de levar a minha filha, que vê e aprende, sem pressões ou espectativas, a minha arte. Assiste ao respeito que nutro pelas alunas neste ...

Diário de Uma Professora de Dança Oriental - #aula33

 Querido Diário, O nosso estado de espírito influencia a qualidade da nossa dança. Sempre senti isso. Junho, sol, feiras populares é sinónimo de boa disposição que se reflecte logo na dança. Foi nesse espírito que aconteceu a #aula33 e foi uma aula 5 estrelas. Houve disponibilidade para a criatividade onde a Improvisação - com método - foi rainha. É impressionante como é na prática que se consegue (também) os resultados. Com regularidade nas aulas, as alunas estão cada vez mais, à vontade para Improvisar e, a fazê-lo bem. Como já disse várias vezes, Improvisar custa. Não é algo óbvio ou intuitivo. Não basta ter talento. Tem de haver investimento de tempo a ir às aulas. Disciplina para cumprir um método de trabalho técnico e, muita vontade. De superar desafios, metas e até, crenças.   Segue-se, uma aula presencial... estou ansiosa para estar com as alunas e partilhar energias e claro, dança... muita dança. Depois conto-vos tudo!