Avançar para o conteúdo principal

A verdadeira revolução...

Hoje soube da noticia que está a rodar o mundo: a agressão à jornalista americana que cobria as últimas novidades sobre a queda do regime no Egipto.
Fiquei profundamente desiludida...
Com este triste episódio, os egípcios que agrediram esta mulher, envergonharam a nível mundial, toda esta revolução, que eu ousei dizer publicamente que tinha orgulho nela por não ter havido violência.
Como é possível??!!! Metade luta por dignidade e a outra metade estraga tudo... e mais uma vez, o ocidente vai ficar com uma péssima imagem do médio oriente.

Este acontecimento deixa-me a pensar, confirmando, talvez, o que receava: será que houve realmente uma mudança ou simplesmente caiu um regime que será substituído por outro igual ou pior?
Irá ficar tudo na mesma, mas com outras caras?

No meu ver, a mudança tem de ser cultural, educacional, social. Não basta só uma mudança governamental, a verdadeira mudança está nos valores que um povo tem e pergunto: como pode um país evoluir, a todos os níveis, se o valor que dão à Mulher é igual a que dão a um objecto que pensam que têm o direito de possuir?
Para o homem árabe (claro que há excepções), não percebem o mal que foi feito aquela mulher, pois acham que ela merecia, senão não estaria ali. Estaria em casa, com o marido ou pai ou irmão e não a trabalhar como jornalista num país estrangeiro, rodeada de colegas masculinos. Para eles, ela queria...
Eu sei bem o que é ser assediada nas ruas do Cairo, já fui apalpada, insultada com
"piropos" nojentos e tentativas de ser negociada como mera mercadoria, sem o mínimo do meu consentimento, simplesmente por ser... Mulher... estrangeira com liberdade de fazer e andar onde quer e sozinha! Para muitos, sou só mais uma à procura de companhia masculina...

Infelizmente, a falta de respeito à Mulher não se passa só no Médio Oriente, passa-se em TODO O PLANETA, seja em países de terceiro mundo ou primeiro mundo.
Quantas mulheres neste preciso momento estão a ser vitimas do abuso de poder que os homens julgam ter?? Milhares...
Mas, nós mulheres TEMOS PODER de mudar este cenário, embora eles digam que não... foi um grupo de mulheres que salvou a jornalista, resgatando-a. Elas sabem o que é ser mal tratadas e a solidariedade entre nós neste tipo de abuso não tem fronteiras, raças, credos... somos mulheres e sabemos como é, mesmo que nunca tenhamos passado por alguma agressão!
Quando é que isto irá mudar???? Quantas mais mulheres têm de morrer e sofrer????
Acho que deviam ter sido ELAS a fazer a revolução no Egipto.
Colocar uma delas no poder... isso sim seria uma mudança... isso sim seria uma verdadeira revolução!

Comentários

  1. Sara, concordo inteiramente contigo!
    Subscrevo.
    Cabe-nos nunca ceder naquilo em que acreditamos, não calar jamais, essa também é uma forma de luta.
    Beijinhos e bom fds.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Diário de Uma Professora de Dança Oriental - #aula34

 Querido Diário, Foi no passado sábado que aconteceu a terceira aula presencial (e última) desta época lectiva. Estas aulas extraordinárias são importantes. Essenciais para podermo-nos conectar sem o filtro do OnLine. Como já tinha dito anteriormente, por uma questão prática - e não só - as aulas online são eficazes e resultam mas, nada substitui o estar, o “olho no olho”, o toque, o sentir no presencial. O ser humano é um bicho social que precisa desta troca energética e, na dança é fundamental. Por isso, estas aulas esporádicas tornaram-se um encontro ainda mais especial. Porque ali, naquele espaço seguro, aproveitamos ao máximo cada momento. Cada riso. Cada movimento. Cada silêncio reflectido num olhar. Cada palavra traduzida numa dança. Saímos com a alma leve. Com a sensação que valeu cada minuto. Nestas aulas, faço questão de levar a minha filha, que vê e aprende, sem pressões ou espectativas, a minha arte. Assiste ao respeito que nutro pelas alunas neste ...

Diário de Uma Professora de Dança Oriental - #aula33

 Querido Diário, O nosso estado de espírito influencia a qualidade da nossa dança. Sempre senti isso. Junho, sol, feiras populares é sinónimo de boa disposição que se reflecte logo na dança. Foi nesse espírito que aconteceu a #aula33 e foi uma aula 5 estrelas. Houve disponibilidade para a criatividade onde a Improvisação - com método - foi rainha. É impressionante como é na prática que se consegue (também) os resultados. Com regularidade nas aulas, as alunas estão cada vez mais, à vontade para Improvisar e, a fazê-lo bem. Como já disse várias vezes, Improvisar custa. Não é algo óbvio ou intuitivo. Não basta ter talento. Tem de haver investimento de tempo a ir às aulas. Disciplina para cumprir um método de trabalho técnico e, muita vontade. De superar desafios, metas e até, crenças.   Segue-se, uma aula presencial... estou ansiosa para estar com as alunas e partilhar energias e claro, dança... muita dança. Depois conto-vos tudo!

Diário de Uma Professora de Dança Oriental - #aula32

 Querido Diário, E chegámos ao final do mês de Maio e a #aula32 acontece numa data muito particular para mim... Foi o dia que comemorei 18 anos de casamento. Sim. 18 anos. Enquanto dava a aula - online, no meu estúdio em casa - o meu marido cuidava e, preparava algo especial e diferente para nós usufruirmos depois da aula terminar e a filhota dormir. A presença e o incentivo por quem nos conhece e acompanha é fundamental no sucesso de quem escolhe uma vida artística. De uma maneira diferente de há mais de 20 anos atrás, hoje, o meu também marido, continua a respeitar e a apoiar o meu percurso que é muito mais do que se vê nos “palcos”. Os bastidores deles são de uma brutalidade inexplicável que só quem os vive sabe. E o meu companheiro de há 25 anos, sabe. Ele vive, e viveu, todos estes espaços e momentos comigo. Todos os altos e baixos. Para bem e para o mal. Talvez seja isso que é verdadeiramente um casamento. Na festa, precisamente há 18 anos atrás, dancei... e o...