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Quando o que mais tememos acontece quando menos esperamos


A Vida realmente tem um poder de nos surpreender, que por vezes é inacreditável.

Vou-vos contar o que me aconteceu ontem:

Estou de férias, a acampar no meu parque de campismo favorito (num outro texto descreverei o meu dia a dia desta cigana), deitada na minha tenda, quase a dormir a minha sexta antes do jantar, eis que o telemóvel toca. Pensei ser os meus pais a ligarem-me (pois já os tinha ligado 500 vezes mas sem sucesso), estava á espera que me retornassem a ligação a fim, de me confirmarem que tinham chegado a casa do meu avô, onde iam passar alguns dias, em Seia, na Serra da Estrela. Era realmente, como esperava, o meu pai:

Eu (deitada e sonolenta) - "oi... então já chegaram?"

Pai (com uma voz esquisita) - " já chegamos... (em tom irónico) olha, telefona aos pais do Fernando (o meu marido) se podem vir ter ao hospital de Santarém."

Eu (despertando e pondo-mo sentada) - "Hospital? Mas porquê? O que é que aconteceu?"

Pai - "Tivemos um acidente..."

Eu (já a sair da tenda e a começar a transpirar) - "Acidente?!! Mas... mas estás bem? A mãe? E o miúdo? ( os meus pais levavam uma criança que adoptaram quase como filho, é quase meu irmaozinho, depois conto-vos...) estão bem?"

Pai (meio atrapalhado e confuso) - "Sim... pede aos pais do Fernando se podem vir aqui ter para levarem a bagagem... o carro ficou desfeito."

Eu (já mesmo a transpirar de aflição) - " Está bem... Hospital de Santarém... mas estão mesmo bem? Como é que isso aconteceu?"

Pai ( a despachar) - " Um pneu arrebentou e o carro capotou. Tivemos muita sorte de estar bem... Não posso falar muito aqui, liga-lhes!"

Eu ( já mal disposta) - "Está bem."

Comecei a andar de um lado para o outro, completamente nervosa, enquanto tentava perceber o que se tinha passado. Nos meus pensamentos só passava: os meus pais tiveram um acidente... grave... e estavam no hospital!!!! Mas se estão bem para quê hospital?! Será que o meu pai me esconde alguma coisa? Estava cá com uma voz!!! E eu aqui sozinha sem carro para ir lá ( o Fernando estava a trabalhar, incontactável naquele momento e a minha irmã estava no Algarve com o meu primo, por isso é que o meu pai falou nos meus sogros, pois eram os únicos que estavam em Lisboa e que poderiam ir lá ter).

Telefonei logo de seguida à minha sogra, explicando o que se passava, ela prontificou-se logo ir ao hospital com o meu sogro e telefonar-me assim que chegasse para me dizer se estavam realmente bem. Também informei a minha irmã, que estava a comer ostras numa esplanada ficando logo com uma dor de barriga...

Agora imaginem a minha aflição, sem saber se estava mesmo tudo bem com eles!!!! Tive de esperar uma hora... que angustia... fiz logo uma oração agradecendo estarem vivos e pedindo que estivessem o melhor possível. Como sou Reikiana, tratei logo de enviar-lhes energia de bem estar e calma.

Graças a Deus (e digo-o literalmente) estava tudo bem, só tinham alguns arranhões. O carro realmente tinha ficado de "pernas para o ar", indo directamente para a sucata. O miúdo conseguiu sair logo e o meu pai também, só a minha mãe não, teve de ser com a ajuda dos bombeiros que por sua vez, tinham sido chamados assim que o acidente ocorreu por um casal (curioso, colaboradores do INEM) que seguiam um pouco atrás e tinham presenciado o acidente. Foram levados para o hospital, fizeram os exames obrigatórios e da praxe e quando tiveram alta do médico regressaram a Lisboa com os meus sogros. "Que ricas férias!" disse-me a minha mãe... pois, realmente não ganharam para o susto. Eles e eu!!!!

Estou-vos a relatar este acontecimento por uma simples razão: não tomem por certo que iremos ter os nossos entes queridos e a amigos para sempre, e que acidentes, doenças, infortunos, só acontecem a quem não conhecemos. Não! Ontem podia ter perdido os meus pais e irmão do coração, num segundo. Sim... foi mesmo um segundo!

Percebi o quão pequeno se tornam brigas e conflitos que surgem num seio familiar e interiorizei que posso de repente, nunca mais os ver. Por isso, se há muito (ou não) não falam com os vossos familiares e amigos, falem... telefonem... mandem um mail... perguntem-lhes como estão... digam que sentem saudades... que vão marcar um almoço para pôr a conversa em dia... não deixem para amanhã... vá agora!!! Daqui a pouco pode ser tarde. Lembrem-se disso!

Comentários

  1. Credo! Que coisa!! =S

    Mas realmente é nessas alturas que paramos para pensar no sentido da vida. Escrevi no meu blog um texto sobre esse assunto há cerca de 2 semanas, quando o meu bichano morreu. Não tem comparação, eu sei, porque é um animal, mas de qualquer forma fez-me pensar a sério no que andava a fazer da vida e das coisas que tenho deixado por dizer...

    Beijinhos

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  2. Sou Hiper sensível a essas coisas... até confesso que sou bastante paranóica... Já me puseste com a lágrima no Olho...

    Ainda bem que estavam todos bem... Também já tive um susto parecido...

    Beijinhos

    ResponderEliminar

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