Avançar para o conteúdo principal

A Dança Oriental em Mim... III

Zaahirah, 27 anos, danço há 6 anos com a mestra e amiga Sara Naadirah. :)

"O que sinto quando danço?  (Março de 2008)

Impossível dizer. Durante estes 2 anos e meio em que venho aprendendo a dançar nunca soube bem o que isso queria dizer: sentir a música, dançar com sentimento. Até hoje não sei o que isso significa. Quando danço (sozinha, nas aulas ou para amigos) apenas danço, apenas movo o corpo ao sabor das notas, sem pensar em nada ou às vezes pensando em demasia (teimosa ânsia em agradar). Mas é apenas isso: reacção à música, a cada tum/taq, a cada violino. Não me emociono com nenhuma música em especial, nem me vêem lágrimas ao olhos por mais bonita que a música possa ser. Gosto, sim, de determinadas músicas e com essas sei que a minha dança fica mais bonita, assim como sei que há músicas demasiado difíceis para mim. Mas é só. Tudo o resto são sentimentos egocêntricos (e como magoam alguns!!!)
 Quando estou triste não me consigo mexer e quando estou demasiado feliz só me apetece rodopiar. Adoro sobretudo o estar em palco e ter a sensação de que sou o centro do mundo, que nada mais importa senão eu.
Nessa altura todo o meu corpo vibra e parece que a música sai de dentro de mim e que eu voo até às estrelas, ao mesmo tempo que sou assolada por um medo terrível de que não gostem do meu jeito, do meu corpo, de MIM.
 Sei que deliro quando os amigos me vêem dançar e me abraçam e me dizem que sou fantástica (mesmo que não acredite em metade do que dizem)......... Mas isso é tudo o que consigo sentir. Isso e a angustiante pontada de inveja e vergonha por não conseguir fazer os mesmos passos lânguidos e graciosos que tu fazes, por nunca estar no ponto, por nunca conseguir brilhar......
 Quando danço nada mais sinto senão a certeza de que essa é a coisa certa, de que é o que gosto de fazer e de que a dança me torna, de alguma forma, especial. Sinto que posso morrer se algum dia parar de dançar porque já não sei viver sem ela, é como respirar.
 Se não é nada disto que se sente quando se dança, então realmente tenho um longo caminho a percorrer ou simplesmente não fui talhada para a arte..."

....................................................................................................


A Dança Oriental em Mim… (Novembro de 2011)

"A Dança Oriental mudou a minha vida numa altura em que estava completamente a afundar-me. Posso dizer que foi a minha tábua de salvação e era capaz de escrever um livro inteiro sobre o assunto, mas acho que não vale a pena. Pelo menos não aqui. E não posso dizer que as mudanças estejam a parar, porque sinto-as de dia para dia.
 Hoje quando danço, danço a sério. Não estou a tentar agradar a ninguém senão a mim mesma. Já pouco me interessa o que pensam ou dizem de mim.
Já não procuro o "brilhantismo". A mania de querer ser sempre a melhor esgotou-se (e esgotou-me). Hoje apenas danço. Curiosamente noto o efeito contrário no meu corpo: tenho uma postura mais correcta, mais ousada... vou perdendo aos poucos o complexo de "ser grande".
 Igualmente hoje já pouco consigo escrever sobre o que sinto quando danço. Já não saem palavras. É só sentir e sentir e sentir.  Por isso já me é difícil fazer aulas com coreografia longa ou seguir-te em qualquer música. Por mais que a minha cabeça esteja a pensar no que tenho de fazer, o corpo insiste em ter vida própria e quer fazer movimentos diferentes. É o teu sentir, não o meu...
 Continuo a ansiar por me mostrar em público, mas apenas pela adrenalina que me invade nessas alturas, já não para me exibir ou provar o que quer que seja. Sei o valor que tenho.
 No entanto, mantenho o que disse antes: sinto que posso morrer se algum dia parar de dançar, porque já não sei viver de outra forma. É como respirar. E é para sempre."



Comentários

Mensagens populares deste blogue

Depois de tantos anos a Dançar e a Leccionar, não estás cansada?

  Queres uma resposta sincera a esta última pergunta selecionada desta série? Estou. Mas isso não me impede - por enquanto - de continuar. Eu sou bailarina e professora por vocação. Desde que me lembro sempre foi o "meu sonho" ser bailarina. E sempre me vi a fazer isso. A vontade de ser professora veio mais tarde, já em adulta, com a necessidade de querer passar os meus conhecimentos e experiência a quem me procura. Percebi, cedo na vida, que não seria feliz nem realizada se, pelo menos, não tentasse seguir a minha vocação. Com coragem, determinação e muita "fé", arrisquei. E depois de tantos anos, apesar de tudo, continua a fazer-me sentido. E, quando algo é tão natural e intrínseco a nós, é difícil ignorar e, largar. Com isto, não quero dizer que foi ou é fácil. E hoje, digo: preferia não ter esta vocação... preferia ter tido a vocação para ser médica, ou advogada, ou até arquitecta... tudo teria sido tão mais fácil. Tão mais aceite. E tão mais reconhecido...

Diário de Uma Professora de Dança Oriental - #aula12

 Querido Diário: E, num “piscar de olhos” chegou a #aula12: última do 1º trimestre da época 24/25 e, também última deste ano 2024. E de tão descontraída, esta aula foi 5 estrelas... rimos, falámos, brincámos, desejámos as boas festas e claro... dançámos. Ao som de mais umas músicas de Natal, disfrutámos também da pequena coreografia sequencial onde trabalhámos - bastante para sedimentar - a técnica do tema deste último trimestre. Gosto de finalizar etapas. Encerrar ciclos para dar espaço a novos. Vem agora novo ano, novo trimestre e com eles novas etapas, aulas, desafios e superações. Acompanhada pelas alunas mais belas, tudo será mais... aconchegante e, embora ainda não tenha lido nenhuma previsão astrológica para 2025, disto eu tenho a certeza: Nada como um círculo fiel de mulheres para nos apoiar e alavancar. Se juntarmos a ele o ingrediente Dança então... o nível e poder desse círculo é outro.   E assim me despeço: Até para o Ano! Que neste caso é o mesmo q...

Diário de Uma Professora de Dança Oriental - #aula11

Querido Diário: Nesta altura, com este frio, custa iniciar qualquer actividade física... E, a Dança Oriental, com raiz nos países do Médio Oriente onde o calor é rei, custa a adaptar-se às temperaturas próprias desta época no nosso país. Nas aulas, agora, calçamos meias (várias), perneiras, leggins mais grossas e os tops passam a camisolas. Mas, à medida que a aula avança, vamos também despindo todas essas camadas. Porque dançar aquece. Não só o corpo mas, também, a Alma. E aquele frio do início rapidamente dá lugar a um calorzinho reconfortante. É muito bom sentir esta dinâmica. Acredito (e sei) que não aconteça só com a dança, mas, com toda a actividade física. Custa “arrancar” mas depois, sabe mesmo bem.   E assim foi uma aula... diria... 4 estrelas. Só não foi cinco estrelas porque o calorzinho  gerado durou só... uma hora... a hora da aula .