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Os Princípios Básicos para Aprender Dança Oriental

Dançar é sem dúvida uma das formas ancestrais de expressão. Anterior á fala e à escrita, a dança é, a meu ver, a mais poderosa comunicação connosco próprios e com os outros. Aprender a dançar requer conhecimentos técnicos característicos de cada estilo. A Dança Oriental não é diferente mas, esta especial forma de expressão, requer também e como preparação para toda a técnica inerente, um conjunto de princípios, que, se postos em prática, assimilará com mais eficácia toda a sua magia.

Pela minha experiencia, considero que esses princípios básicos, são a mais fiel definição de Dança Oriental, e eles são:

- Respiração: este é o primeiro e principal movimento. Sem uma correcta e consciente respiração, a dança sai mecânica, presa e sem vida. Na D.O. a respiração volta aquela de que quando nascemos – abdominal – fazendo este tipo primitivo de respiração, valorizando conscientemente cada entrada e saída de ar, alimentamos a nossa alma. Como consequência, o espírito fica preparado para se exprimir. Com a prática, vai notar que a D.O. pede uma respiração abdominal, e sem se dar conta começa fazê-la naturalmente enquanto dança.

- Preparação Mental: para aprender a dançar tem de aprender primeiro que precisa de ter disposição mental para tal. Ou seja, tem de chegar ao local da aula e “desligar-se” do mundo exterior concentrando-se somente em si, no que sente e em que estado se encontra o seu corpo. Descomprimir, deixar de pensar com a cabeça mas em vez disso, ouvir o seu corpo e deixá-lo movimentar-se com a sua própria sabedoria.

- (re) Colocação da coluna/corpo: saber qual a postura corporal a adoptar na dança, é meio caminha andado para uma melhor performance. Más posições originam más posturas e mais tarde lesões que podem ser evitadas. Na D. O. a recolocação correcta da coluna é fundamental, bem como a consciência total da mesma. Na dança o corpo é o templo da alma, se esse templo não estiver bem estruturado…a alma não consegue brilhar.

- Consciência do equilíbrio natural do corpo: perceber qual o ponto de equilíbrio do corpo, tomar consciência de como nos mantemos equilibrados quando estamos de pé, será com esse equilíbrio que vamos desafiar quando dançamos.

- Reaprender a andar : relembrar como é andar, um dos primeiros e mais importantes movimentos em criança. Mais uma vez, é tomar consciência da distribuição natural do peso e como podemos “brincar” com essa mesma distribuição.

- Saber ouvir a música e ritmos: antes de se dançar tem de escutar a melodia, ritmos, sons. Antes de haver dança tem de haver música e é com ela que uma bailarina se inspira para dançar. A música ocidental nada tem a ver com a oriental (mais especificamente a árabe) por isso, é imprescindível que sensibilize e treine os seus ouvidos para este género musical. Como é que isso se faz? Ouvindo, escutando e interiorizando cada som, cada ritmo, cada instrumento com o coração bem aberto.

- Abrir a alma para a prática da dança: deixar de ter medos, deixar expormo-nos emocionalmente, psicologicamente e até fisicamente. Não dá para, realmente dançar se não abrimos o nosso coração e deixar os sentimentos fluir. Deixe a sabedoria ancestral da dança “falar” consigo e consequentemente desenvolverá expressão enquanto dança.

- Respeitar o seu ritmo: cada um tem o seu próprio tempo de aprendizagem. Lembre-se que o que não consegue hoje irá conseguir amanhã. É uma viagem, um processo, onde o fim é infinito. Respeite o seu ritmo e a dança irá de certeza fluir.

- Sentir prazer a dançar: não vale a pena dançar se não lhe apetece, forçar movimentos, enfim, não sentir prazer naquilo que se está a fazer. Na dança não há obrigações, mas compromisso. Compromisso consigo acima de tudo, em querer uma melhor qualidade de vida emocional, espiritual e de auto-estima. Dançar faz com que, obrigatoriamente, tome contacto simultaneamente com o seu corpo e emoções. Faz com que não fujamos deles, pelo contrário, que deixemos de ter medo de sentir e expressar esse sentimento.

Creio no fundo do meu coração que a D.O. escolhe cada um que a pratica. Se sente vontade de aprender é porque foi escolhida…

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