Tudo e Nada... O que mudou foi a
minha mente. As minhas prioridades. O meu tempo. A minha disponibilidade. Física
ou tecnicamente nada mudou.
Não fui daquelas mulheres que
adorou estar gravida, nem daquelas bailarinas que amou dançar com um barrigão.
Pelo contrário... resguardei-me porque aquele estado, aquele bébé que se gerava
era meu. Só meu. Não quis partilha-lo dançando. Dei aulas sim até ao 7 mês e
posso dizer que havia movimentos que notava ou melhor, sentia, que ela não
gostava. Ela não gostava que me mexesse muito... incomodava-a. Actuações fiz só
uma, estava quase de quatro meses... foi bom... mas senti que não ousava, não
estava completamente entregue aquela dança e aquela atuação. Foi aí que decidi
que queria resguardar-me.
Depois do parto, tive de me dar
tempo. Ter um filho é duro. E para bailarinas ainda mais. Há uma cura física
que demora e nessa altura, pensei mesmo que nunca mais conseguiria dançar...
não sentia o meu ventre como antes... os movimentos não fluíam... tinha receio
de me mover... estava dormente. Normal e não há nada aqui de romântico. O corpo
teve de se restabelecer. Eu tive de me adaptar. Mas a mente... essa muda para
sempre. E com essa mudança, encarei a dança com outra maturidade. Com (ainda
mais) responsabilidade. Mas com mais prazer e simplicidade. Toda a entrega mudou.
Emocionalmente, essa entrega é mais intensa. Mais verdadeira e essencial. É mais
selecta porque o meu tempo passou a ter outra dimensão. A Paciência também. Ter
um filho é passar pelo fogo e, consequentemente a nossa dança transparece uma luz
diferente. Uma atitude diferente. Foi isso o que realmente mudou.
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