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Pergunta 9 - Depois de teres sido mãe, o que mudou como bailarina?

Tudo e Nada... O que mudou foi a minha mente. As minhas prioridades. O meu tempo. A minha disponibilidade. Física ou tecnicamente nada mudou.

Não fui daquelas mulheres que adorou estar gravida, nem daquelas bailarinas que amou dançar com um barrigão. Pelo contrário... resguardei-me porque aquele estado, aquele bébé que se gerava era meu. Só meu. Não quis partilha-lo dançando. Dei aulas sim até ao 7 mês e posso dizer que havia movimentos que notava ou melhor, sentia, que ela não gostava. Ela não gostava que me mexesse muito... incomodava-a. Actuações fiz só uma, estava quase de quatro meses... foi bom... mas senti que não ousava, não estava completamente entregue aquela dança e aquela atuação. Foi aí que decidi que queria resguardar-me.

Depois do parto, tive de me dar tempo. Ter um filho é duro. E para bailarinas ainda mais. Há uma cura física que demora e nessa altura, pensei mesmo que nunca mais conseguiria dançar... não sentia o meu ventre como antes... os movimentos não fluíam... tinha receio de me mover... estava dormente. Normal e não há nada aqui de romântico. O corpo teve de se restabelecer. Eu tive de me adaptar. Mas a mente... essa muda para sempre. E com essa mudança, encarei a dança com outra maturidade. Com (ainda mais) responsabilidade. Mas com mais prazer e simplicidade. Toda a entrega mudou. Emocionalmente, essa entrega é mais intensa. Mais verdadeira e essencial. É mais selecta porque o meu tempo passou a ter outra dimensão. A Paciência também. Ter um filho é passar pelo fogo e, consequentemente a nossa dança transparece uma luz diferente. Uma atitude diferente. Foi isso o que realmente mudou.




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