Lembro-me bem o choque que
tive quando, numa das minhas primeiras aulas de Dança Oriental, a professora
disse: agora vão fazer de improviso.
Congelei. Literalmente.
"Como assim de Improviso?"... Nunca tinha dançado de improviso.
Sempre no ballet tinha sido tudo tecnicamente coreografado. Improvisar na dança
era algo que nunca tinha considerado sequer, possível. Mas era... e no decorrer
das aulas, percebi que era não só possível, como desafiante. Rompia estereótipos,
modas e abalava a minha zona de conforto. Quando percebi o Poder da
Improvisação, foi quando toda a minha perspectiva sobre a Dança mudou. Ganhei
asas e desde aí nunca mais parei de voar.
Comecei a praticá-la. Cada vez
com mais regularidade e com vontade. No meu ambiente e espaço seguro. Estimulei
a minha criatividade. Observei que nem toda a técnica me servia e muito menos
toda a música me dizia alguma coisa. Ganhei confiança. Gerei autonomia.
Superava medos e crenças. Ultrapassei o medo da falha. Tentar... vezes sem
conta até acertar. Senti verdade. Deixei transparecer autenticidade. Descobria
a minha identidade. Como pessoa e como bailarina e devagarinho, criava a minha
assinatura na Dança Oriental. E essa minha diferença única era aquela que, mais
tarde, iria impactar e fosse lembrada quem me visse dançar.
E assim é até hoje. 20 anos de 1000000... improvisações depois continuo a descobrir o Poder da Improvisação na Dança Oriental que, ultrapassou o palco e empoderou a minha vida. Ao longo do tempo desenvolvi um método onde, não só partilho a minha experiência como oriento a quem tem dificuldade, mas percebe que improvisar é uma importante parte do processo de aprendizagem. Ela é a essência desta dança. Onde tudo parte e acaba nela. Resistes à improvisação?... Não resistas... Experimenta e não a substimes. Vais ver que, aos poucos, também a tua perspectiva irá mudar e também tu ganharás asas.
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