Vivemos numa sociedade cada vez
mais virtual. Uma nova era, há quem diga. Tem as suas vantagens, sim. Mas
também tem as suas ilusões. Não sei se estamos mais "conectados" uns
com os outros... vendem-nos que sim... eu quero acreditar, mas sei que falta equilíbrio.
Sinto falta da presença. Olhos
nos olhos. Falar "na cara". Sentir a energia do outro. Há coisas que
não se veem virtualmente e há sentimentos que quando são verbalizados têm de
ser partilhados no presente, sem filtros, sem internet. Não basta um sms. Um
post. Um twit. Precisa de uma conversa. De voz e de alguém que nos oiça. E que
nos veja. De feedback. Em tempo real.
Faço imensas partilhas
virtuais, com centenas de mulheres diariamente. Mas sinto falta de as ouvir.
Sinto falta de me fazer ouvir noutro tom. Sinto falta da minha voz. Parece
estranho, mas se refletirmos um pouco, talvez tu sintas o mesmo. E se calhar
alguma solidão.
Eu adoro conversar. Adoro
ouvir. Adoro sentir o outro. Observar. Estudar a sua linguagem corporal.
Perceber o que se quer dizer por detrás do discurso. Verbalizar os meus
sentimentos, conhecimentos, acontecimentos, conquistas, falhas, frustrações,
desilusões, alegrias, neuras, etc... Porque quando faço partilhas minhas
com outras mulheres percebo que, afinal, não estou sozinha. Há mais alguém que
se sente como eu. E há sempre alguém com mais experiência que me pode
ajudar. São nessas partilhas que sinto o melhor do ser humano. Acho que é
o que nos faz humanos. Estarmos uns com os outros e falarmos. Verbalizarmos. Em
tempo real.
Da minha experiência com
encontros regulares em ambiente de aulas de dança (desde muito jovem) sempre
com mulheres, posso afirmar que partilhamos muito mais que dança. Interagimos.
Sentimo-nos parte de um clã. E não um clã qualquer. Um grupo feminino quando
unido, tem poder. Empodera. Exalta o melhor do ser mulher. Dá confiança. E uma
mulher com confiança, conquista não só dança, mas o mundo, se quiser.
Por mais desenvolvidas que as
tecnologias estejam e por mais "jeito" que nos deem, há momentos que têm
de ser presentes. Sentimentos verbalizados e danças partilhadas na hora.
Evoluir sim para um novo modelo de sociedade, mas com equilíbrio... não
esquecendo o que nos faz humanos.
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