A minha experiência com os
Festivais de Dança Oriental... É um tema que acho, nunca escrevi. Vou abordar
especificamente os que participei no Cairo. Festivais estes, a meu ver,
pioneiros. Neste post (primeiro de três) vou falar do porquê de participar
neles.
O primeiro festival que
participei foi em Junho de 2006 no lendário "Ahlan Wa Sahlan". E
posso dizer que o que teve de grandioso teve de inspirador. Na altura, os
Festivais não estavam na moda, nem aconteciam assim tantos como hoje em dia.
Havia este e poucos mais espalhados pelo mundo. Este, era o mais mediático.
Criado pela visão (a meu ver, muito inteligente) da Raqia Hassan - antiga
bailarina da Reda Troup e mentora de muitas bailarinas ainda no activo - para
este festival vinham bailarinos de todo o mundo aprender, conviver e
"competir" onde chegavam a ser mais de quatro mil participantes. Era
algo grande e impactante. E eu, sempre quis ir aprender à "fonte" e
este festival conseguia reunir uma série de requisitos que a mim me faziam
sentido: acontecia na capital egípcia, onde nos entretantos ia conhecer o Cairo
e sentir a sua cultura. Oferecia uma palete de workshops com professores
renomados, e assim conseguia fazer aulas com todos e só num local. Convivia com
bailarinos de todo o mundo onde entre aulas partilhávamos experiências. E,
tinha o privilégio em assistir aos espectáculos ao vivo dos os meus bailarinos
de referência. Era intenso, mas muito enriquecedor. Acabava por ser mais que um
mero Festival. Era uma experiência a todos os níveis. Sempre vinha esgotada,
mas inspirada e renovada.
Também outro requisito que
sempre achei importante num Festival era a possibilidade de ter acesso a um bom
"bazar". E neste, o bazar era algo perigoso porque havia tudo que
queria para a minha dança. Todo o tipo de acessórios e trajes para Dança
Oriental. Foi nele que tive a oportunidade de conhecer de perto o trabalho de
costureiros que adoro e comprar os trajes directamente deles. Claro que foi
desastroso para a minha carteira... mas a oferta era... irresistível.
Haviam também as famosas "competições" com prémios chamativos. Embora nestas competições, houvesse a possibilidade única de dançar com músicos ao vivo (e não eram uns quaisquer músicos) e seria uma mostra dos meu trabalho para o mundo, nunca tive vontade de participar. Não era o meu objectivo nestes Festivais. Queria absorver, como uma esponja, tudo que via, sentia e aprendia. Neste especificamente que acontecia todos os anos em Junho/Julho - neste momento, por causa mas não só, da pandemia não sei se ainda se realiza, entretanto ao longo dos anos, foi perdendo a "força" que tinha no mercado pela globalização dos ferstivais espalhados pelo mundo - participei três vezes e duas vezes no que havia em Dezembro: Curso Intensivo para Profissionais também idealizado pela Raqia Hassan. Este último era mais pequeno, mas com mais qualidade de oferta. O sistema era o mesmo, mas mais vocacionado para profissionais enquanto o de Junho era aberto para todos os níveis.
Outra "oferta" destes Festivais eram a possibilidade ter estadia no local onde se realizavam os espectáculos e workshops... e não era uma estadia num hotel qualquer... Este festival realizava-se num dos hotéis mais bonitos e conhecidos do mundo: Mena House Hotel, de 5 estrelas. Um hotel com história e muito bem localizado (com vista para as pirâmides) a um preço especial que estava incluido no pack do festival. Devo dizer que adorava ir para este hotel... aliás, aproveitei na altura logo a seguir ao meu casamento (2007) e fiz um dois em um: a minha lua de mel e o festival, tudo neste hotel.
Posso dizer que todos estes
Fesivais elevaram e alavancaram a minha dança. Não só pelo que aprendi
tecnicamente nos workshops e a assistir aos espectáculos mas também pela experiência
de ser no Egipto. O meu local de eleição para sempre ir aprofundar
conhecimentos e inspirar-me.
Nesta foto, tirada pelo meu marido em Junho 2007, no Mena House.
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