Há uma expressão que uso com a minha filha desde que ela começou a gatinhar. Sempre que cai, digo-lhe logo de seguida: "Caíste?... Levanta-te". E agora, com quase quatro anos é ela própria que se habituou a não dramatizar as quedas que dá e levanta-se (quase sempre)... sozinha. Por enquanto são só quedas físicas mas acho que esta expressão serve para todas as "quedas" que damos ao longo da vida... e quero que ela (a minha filha), por ela e para ela, se levante em cada uma delas.
Cair é muito fácil, dramatizar mais ainda, vitimizar então...ui! O desafio está no levantar. Como, quando e porquê. E, vida de bailarina é mesmo assim... caimos e levantamo-nos... vezes sem conta. Há muito que aprendi a chorar as minhas quedas, ter o tempo de dramatização, usar a vitimização mas sempre me levantei. E (quase) sempre sozinha. Porque tem de ser. Porque ninguem quer saber que caíste. Porque só aprendemos caíndo. Muitas vezes.
Às vezes, confesso, não me apetece levantar. Demoro o meu tempo no chão. Faço birra. Estou cansada. As cicatrizes acumulam-se. E cada vez mais custa levantar e seguir. Mas sigo. Sempre. E esta é a vida de um artista. Seguimos sempre com visão, criatividade, foco e ambição.
Os tempos que vivemos não são fáceis. Completamente atípicos. Mas essa foi sempre a minha vida. Atípica e cheia de quedas. É assim, não (só) porque sou artista, não (só) porque sou bailarina. É assim porque escolho. Porque escolho o não óbvio. Porque escolho ser verdadeira com a minha essência. Porque escolho os caminhos baseados na minha forte intiução. Mas estas escolhas não significam mais facilidade. Há muitas pedras (pedragulhos) e buracos no meu caminho, na minha missão.
Escolho levantar segundo o que o meu coração diz. Mesmo que vá contra o que seria esperado. Escolho não depender emocionalmente de ninguém para seguir o que condiz comigo. Escolho ter ao meu lado, quem cresce comigo. Escolho dizer muitas vezes Não, quando sinto que é Não. Escolho dizer Sim, quando acredito que é Sim. Tudo é uma escolha. Eu escolhi dançar, quando desde pequena sabia que era bailarina. E depois foi a Dança Oriental que me escolheu. Lucky Me!!
Chateia-me ver muita gente no chão. Que não se quer levantar. Que se acomodou à sua dor e vitimiza-se. Pessoal: não é tempo de chorar. Nem de reclamar. Nem de esperar. Nem de ter medo. Nem de lamentar. É tempo de nos levantar, adaptar e (re)criar. De trabalhar. De focar. De tentar. De agir. De escolher e arriscar. E fá-lo por ti e para ti. Porque ninguém vai ter pena de ti.
Em Setembro é sempre um mês de recomeços. Então, recomecemos. Activos. Sinceros. Verdadeiros. Com coragem de mudar se for preciso. Sem desculpas. Sem esperar por algo que nunca virá porque o "talvez um dia" é agora. Hoje. Esse dia chegou. Não esperes pela oportunidade ideal. Cria a tua oportunidade. Faz. Faz acontecer. Os teus sonhos. Os teus objectivos. O teu bem-estar. E sim, vais cair nesse teu e único caminho mas depois passas só a tropeçar, e vais sempre te levantar. Custe o que custar. Não é fácil. Mas acredita e age, o resto o universo traz.
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