Sim, eu sei que já se falou muito, talvez demais sobre o assunto mas, há uma nuvem negra sobre Portugal que teima em não passar.
Esta nuvem, mais conhecida por desemprego já se está a tornar numa praga que afecta não uma, nem duas, mas dezenas de pessoas desde familiares directos, a amigos e conhecidos.
Pior, o desemprego vem dando lugar aos empregos da corda bamba - agora tens, agora não tens, agora serves, agora não serves - sem nenhum vinculo, apoio ou protecção social.
Eu, como bailarina e professora de dança, sempre trabalhei a recibos verdes, os tais green one`s que bem poderiam ser blak de tão injustos e precários que são. Com eles só tenho deveres, não direitos.
Em doze anos nunca consegui um contrato de trabalho. Habituei-me a receber se trabalhar e, somente se trabalhar bem. Sempre produzi , por minha conta e risco, todos os meus espectáculos. Fiz muitos e muitos pro-bônus, fui enganada e aproveitaram-se do meu talento muitas e muitas vezes.
Nunca tive um subsídio, nunca tive um apoio quando fiquei doente e muito menos ajuda quando, no auge da crise (se é que já passamos esse ponto) o trabalho reduziu drasticamente. Na prática e na vida real, quando não há estabilidade não há espaço para a dança, muito menos para a Dança Oriental que neste momento não está na moda.
E, como se já não bastasse tudo isto, ainda levo com a estigmatização e marginalização que a minha profissão acarreta. Se, um engenheiro por exemplo, não tem trabalho é porque está com azar, é da crise, etc, há uma compreensão social... mas se um bailarino não tem trabalho é porque é um desocupado. Afinal ser artista ou promover cultura como profissão, seja num palco ou a ensinar é para quem não quer fazer nada, ou - a que mais me irrita e revolta - é para ser a part-time ou um hobby.
A mim, embora me doa e pior, me canse (cada vez mais), já estou habituada ao estigma, precariedade e luta. É o preço - ALTO - que pago para poder ser quem sou, com a liberdade que mereço. É injusto mas é a realidade. Para piorar e ainda a somar, a toda a hora tenho o conhecimento que alguém está ou ficou desempregado.
É que não é um, nem dois, são muitos. Lido com este flagelo, não há alguns meses mas há anos - demasiados anos - quer sejam com familiares directos, amigos ou conhecidos que tem implicação profunda na minha vida. Afinal não vivo isolada e desengana-te se pensas que este mau tempo não te afecta: todos dependemos uns dos outros. Uma sociedade instável promove insegurança, ignorância, medo, desanimo, pessimismo, fragilidade. Já chega... já não se aguenta... está demasiado pesado.
Pergunto: quando é que esta nuvem negra passará?...
Com o circo que vejo na assembleia, não me parece que seja tão cedo.
E, enquanto, aqueles senhores guerrilhão entre eles pelo "iron throne" numa versão ridícula e mal escrita do "Game of Thrones" há toda uma geração (aliás várias) que está a pagar caro toda essa triste produção.
Como é possível não terem vergonha na cara...
PS: Saga Star Wars revista e MUITO apreciada... ansiosa, estou, pelo 7º episódio.
007 Spectre, uma desilusão. O agente mais famoso e intemporal do mundo pela interpretação do LINDO Daniel Craig deveria, na minha opinião, ter acabado no anterior Skyfall. Arriscaram um quarto episódio que não compensou.
Próximo: The Hunger Games, outra saga que precisa de ser revista antes de ver a última parte.
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