Avançar para o conteúdo principal

Campera - o Rosto de tantas Fêmeas



Ciatando Nuno Markl: "Em 1997 escrevi um sketch para o programa Herman Enciclopédia que abria a 2ª temporada. Era sobre um episódio piloto perdido de uma série protagonizada por uma cadela - a Lésse - em que, por questões de orçamento, a cadela fora substituída por uma caixa de cartão. O sketch ficou óptimo - um pedaço de nonsense puro do qual me orgulho bastante. Mas hoje lembrei-me desse sketch por outra razão mais dramática.

A Campera, cadela de que se falou por aqui há umas semanas, encontrada num estado quase terminal de tortura e abandono, morreu hoje. Infelizmente, os responsáveis pela tortura da Campera continuam por aí, impunes e, possivelmente, a esta hora, aplicando tratamento similar a outro animal.

É que, num ângulo inesperadamente triste de revisitação da minha inocente ideia de jovem argumentista de comédia, por estas bandas, continua a não haver uma grande diferença legal entre um animal e uma caixa de cartão. E isso é trágico."


Não podia deixar de prestar uma homenagem sincera e sentida a esta cadela que, para mim, é o rosto de tantos animais. Apesar de nas suas últimas semanas de vida tenha recebido todo o amor, assistência médica e apoio não resistiu...
Por mais que pense no assunto, não consigo justificar quem maltrata, humilha e martiriza os animais, principalmente cães. Eu e o meu marido resgatamos uma cadelinha  de dois meses e foi sem dúvida (apesar do trabalho e despesa) a melhor coisa que fizemos desde que estamos juntos. O amor que estes animais nos dão é indescritível, não encontro em mais lado nenhum senão neles. Eles SENTEM, COMUNICAM e dependem emocionalmente de nós!!! Não compreendo como ainda são considerados objectos pela lei...
Não acredito, por experiência própria, na justiça dos homens mas acredito piamente, também por experiência própria, na justiça divina e sei que, quem planta colhe e, por isso, quem faz mal a um animal colherá amargura. Disso tenho a certeza.
Não conheci pessoalmente a Campera mas ao olhar para ela vejo nela reflectido o sofrimento de TODAS as Fêmeas deste planeta, incluindo as humanas... ainda ontem vi as imagens chocantes de uma execução barbara de uma mulher afegã às portas de Cabul por militares afegãos... uma multidão de homens cobardes assistiam... ela tinha apenas 22 anos e indefesa não pode evitar a sua morte injusta e humilhante simplesmente porque dois militares a disputavam... não há palavras... mais uma "campera" vitima da mão humana. (pode ver as imagens em tvi.iol.pt)
Estima-se que nos últimos 50 anos, MORRERAM MAIS MULHERES NO MUNDO, vitimas de todo o tipo de maltratos e violência incluindo a falta de assistência digna ao parto, que TODOS OS HOMENS FALECIDOS DURANTE A PRIMEIRA E SEGUNDA GUERRAS MUNDIAIS.
Existem milhares de Camperas por todo o mundo, se calhar uma mesmo ao seu lado.
NÃO SEJA INDIFERENTE, e comece por si, porque nós FÊMEAS temos de ser umas pelas outras.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Então, o que basta?

Desde que me lembro, oiço dizer que, para dançar é preciso gostar mesmo. Ter Amor, Paixão pela Arte da Dança. Concordo. Cresci a ouvir isto. Mas, basta?...  Hoje, depois de tantos anos dedicados à Dança, eu acho - melhor, tenho a certeza - que não.  Então, o que basta?... Sinceramente?!... Tudo. Danço desde sempre. E desde sempre, o meu Amor pela Dança impulsionou-me a continuar. Foi assim com a minha primeira paixão: o ballet e que continuou para a Dança Oriental onde foi "Amor à primeira vista." Tal como num casamento, a paixão inicial transforma-se num Amor. Amor este que se tornou profundo, amadurecido e, também calejado.  Manter uma relação, não é fácil nem romântica como se idealiza, muito menos incondicional. É necessário esforço, dedicação, responsabilidade, sentido e condições. Definitivamente, só o Amor não basta. Na Dança, sinto que é igual. É uma relação entre a bailarina e a sua arte. Há que investir nesta relação para que o Amor - base fundamental SIM - não fiqu

Afinal o que é ser humilde...

As bailarinas ouvem muitas vezes a palavra humildade, que temos de ser, viver e actuar com humildade. Concordo plenamente... Mas o que é humildade? E quem é que pode dizer a outro tu és e tu não és humilde? Socialmente uma pessoa humilde não ostenta riqueza nem vaidade, procura ser útil mas discreto e pede ajuda fazendo questão de dizer que não sabe tudo. Que pessoa humilde seria esta! E quase perfeita... Lamento desiludir, mas não tenho todas essas características! Sou humana, tenho defeitos e muitos... como todos vocês! Para mim, humildade é um valor que se adquire logo na infância e se desenvolve ao longo da vida. Mas acho que há vários graus e muitíssimas definições de humildade. O que pode ser para mim uma acção humilde para outro é algo bem diferente. Quantas vezes agimos ou dizemos algo que pensamos, que é natural aos nossos olhos, mas somos logo julgados: "Não és nada, humilde!" Penso: como bailarina, posso ser humilde? Vocês dir-me-ão: Claro! Tens mais é que ser h

Outro pecado, defeito ou talvez virtude

Não consigo ser hipócrita e cínica. Danço aquilo que sinto... e não há volta a dar. Por mais que tente, não consigo, fingir que estou alegre quando estou triste, gostar quando não gosto, rir quando me apetece chorar, mentir quando me quero dizer umas verdades. Sinceramente até hoje não sei se isto é uma virtude ou defeito. Ao longo da minha vida poucas não foram as situações em que se tivesse sido hipócrita tinha ganho mais, em que se o cinismo falasse mais alto tinha evitado inúmeras "saias justas". Muitas vezes a minha mãe e até marido dizem-me que não posso ser tão directa em certas situações, que às vezes a minha antipatia com quem não gosto é-me prejudicial. Dizem-me "finge" e eu respondo "é pá, não consigo" e não dá mesmo! Confesso que alguns comentários que dou, resposta impulsivas, atitudes de mau humor caem-me mal e transpareço uma brutalidade que não é totalmente verdadeira. Quem não me conhece fica a pensar que sou arrogante, antipática, conven