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Então, o que basta?

Desde que me lembro, oiço dizer que, para dançar é preciso gostar mesmo. Ter Amor, Paixão pela Arte da Dança.

Concordo. Cresci a ouvir isto. Mas, basta?... 

Hoje, depois de tantos anos dedicados à Dança, eu acho - melhor, tenho a certeza - que não. 

Então, o que basta?...

Sinceramente?!... Tudo.

Danço desde sempre. E desde sempre, o meu Amor pela Dança impulsionou-me a continuar. Foi assim com a minha primeira paixão: o ballet e que continuou para a Dança Oriental onde foi "Amor à primeira vista."

Tal como num casamento, a paixão inicial transforma-se num Amor. Amor este que se tornou profundo, amadurecido e, também calejado.  Manter uma relação, não é fácil nem romântica como se idealiza, muito menos incondicional. É necessário esforço, dedicação, responsabilidade, sentido e condições. Definitivamente, só o Amor não basta.

Na Dança, sinto que é igual. É uma relação entre a bailarina e a sua arte. Há que investir nesta relação para que o Amor - base fundamental SIM - não fique esquecido. É preciso Tudo para nutrir esta relação que vai ser bombardeada por (também) Tudo. Porque nem na Dança nem na Vida, há contos de fadas. Há realidade, trabalho, resiliência e um profundo caminho de autoconhecimento que, por vezes (muitas vezes) é um percurso doloroso.

Quando o nosso Amor pela Dança não basta. Não está a ser suficiente para não desistirmos, há que lembrar o porquê que começámos a dançar. Há que ir buscar o sentido. Há que ir resgatar o prazer de, simplesmente, dançar. Há que lembrar esse "primeiro amor". Há um constante recomeçar. E, talvez seja isso que basta: recomeçar. Com consciência que nós próprias vamos mudando e perspectizando novos sentidos. A dança, se permitirmos, vai a esse encontro. Ela não nos falha. Nós é que acabamos por esquecer o nosso Amor por ela.







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