Digo, desde sempre: A D. Oriental
é para Todos mas, nem Todos são para a D. Oriental.
O que achas?... Faz-te sentido?
Aos longo dos anos, milhares de
alunas já passaram pelas minhas aulas e pude perceber que todas, por uma razão
ou outra, quiseram experimentar a magia da D.Oriental mas, poucas se mantinham.
Percebia que havia uma motivação inicial que depois dessa "excitação"
desaparecer, acabavam por ir embora. Faziam durante algum tempo, mas, mil e uma
desculpas depois, desistiam...
Honestamente, no início da
minha carreira, achava que a culpa era minha. Que era eu que não conseguia
ensinar ou motivar decentemente porque, na minha cabeça pensava: "como
queres desistir de fazer esta dança? Como?!!" e culpava-me. No meu
entender, esta dança era/é tão maravilhosa que, se desistiam, é porque não
estava a fazer um bom trabalho como professora.
Hoje em dia, penso de maneira diferente. Percebi que, primeiro: o meu trabalho como professora de dança sempre foi - desde o primeiro dia - honesto, verdadeiro e transparente, com a total consciência da responsabilidade e respeito do que estava a ensinar e para quem estava a ensinar. O que mudou ao longo dos anos foi a forma como ensino, não os valores ou princípios que estabeleci e que nunca corrompi ou negociei desde esse primeiro dia. Há medida que fui amadurecendo como bailarina, fui também evoluindo e estruturando essa maneira de ensinar. Criei um método, só meu, que passa por um ensinamento estruturado, mas com todos os valores e competências incutidas que acho que uma pessoa que se propõe a aprender D. Oriental deve adquirir. Hoje, posso orgulhar-me - sim, orgulho-me sim, porque ninguém me ensinou, foi fruto da minha experiência de trabalho, milhares de actuações e centenas de aulas dadas - tenho uma dança de assinatura e um método de ensino único (nem melhor ou pior que os meus colegas, diferente) que até podem tentar copiar, mas nunca será como eu entrego. Por isso, se desistiam, pelo menos tinha a consciência tranquila que fiz o meu melhor.
Segundo: apesar de achar que a
D.Oriental é o "melhor do mundo", acabei por chegar à conclusão que
disse para mim própria num momento de epifania: "DESENGANA-TE. NEM TODOS
SÃO PARA A D. ORIENTAL". Ter consciência disto, libertou-me.
A D. Oriental está disponível a
todos, mas nem todos a compreendem, investem, disciplinam-se, acolhem,
esforçam-se, dedicam-se, lhes serve. E está tudo bem. Não há problema nenhum
nisso e, nem é culpa minha. Fui percebendo, também ao longo dos anos que,
até nos podemos apaixonar pela expectativa que a D.Oriental pode dar mas, só
fica, quem desenvolve por ela um profundo amor. Esse, não se explica. Ou se tem
ou não se tem. Nunca, o caminho na D.Oriental pode ser forçado ou praticado
pelas razões erradas. Porque, reza a minha experiência, não vai correr bem.
Quase como um casamento. E não são todos que casam para a vida toda. Só alguns.
Aqueles que - acredito eu muito romanticamente - a D.Oriental escolhe. E há
também, quem fique nesse casamento só um tempo. E está tudo bem. Terminem é bem
esse casamento. Porque pode não haver mais amor, mas pode ficar uma amizade.
Eu casei-me com a D. Oriental,
anos atrás... com muitos altos e baixos, continuo a amá-la. Se é para a vida
toda... não sei. Por enquanto é. Porque ela é para mim e eu sou para ela. Não
se explica, só se sente.
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