Avançar para o conteúdo principal

Aqueles que nos espreitam...

Há pouco tempo, contactou-me uma rapariga que queria fazer as minhas aulas regulares online. Depois de breves trocas de mensagens, diz-me que já me conhece há anos... Perguntei como porque não estava a reconhecer quem era. E diz-me: "eu, a caminho da minha aula de ballet em pequena, parava sempre à porta da tua aula e espreitava o que fazias. Desde aí que sempre tive vontade de praticar Dança Oriental."

Também, para participar num dos workshops que tenho dado online neste último ano, contacta-me uma outra rapariga que foi minha aluna, anos atrás, ainda adolescente. E, mais recentemente, outra que tinha feito aulas comigo ainda na faculdade, na Cidade Universitária e nunca as esqueceu, que agora retoma.

Se me dissessem, há 18 anos atrás quando comecei a fazer actuações e a ensinar, que iria impactar desta forma não acreditaria. Saber que consegui plantar uma sementinha no coração de centenas de pessoas é maravilhoso. E saber que, de alguma maneira, cada aluna que passou por uma das minhas aulas levou o melhor de mim através da Dança Oriental faz valer todo o percurso. O bom e o mau. Todo o esforço, dedicação e trabalho valeu a pena. Vale a pena. Porque quando é feito com entrega e verdade só pode dar certo. E tem dado. 

Sempre, desde o primeiro dia, impus-me ser honesta. Comigo, com a D.O., com quem me vê e aprende comigo. Sabia, já nessa altura, que só assim conseguia tocar na alma dessas pessoas e impactar de alguma forma. Claro que em todos estes anos (e já lá vão 18 anos) nem sempre fui perfeita, sem erros. Claro que os cometi. Mas sempre me fui fiel e integra. Mesmo que isso custasse perder trabalhos ou até mesmo alunos. Havia e há linhas que não ultrapasso e por mais dinheiro que me possam apresentar não "me vendo" só porque sim.

Se no início da minha carreira não tinha muita noção. Passado um tempo comecei a perceber que a forma como dançava, actuava, ensinava, falava e escrevia poderia inspirar outras a seguir os passos para descobrirem ou melhor, mostrarem as suas melhores versões. Tudo através de uma Dança. Dança esta que une, empodera, energiza de tal forma que passamos a acreditar que os sonhos não são impossíveis. Tenho muito orgulho no meu percurso. Em todos momentos. Produzi imenso trabalho. Superei crises muito complicadas. E quando coloquei em causa se devia continuar a acreditar em mim e nos momentos que me apeteceu desistir, houve sempre uma dessas alunas ou um desses espectadores que me chegam no momento certo e alavancam-me. Que me inspiram e relembram a minha missão de vida.

A todos que me espreitaram, viram e inspirei. A todos que me seguem, aprendem e me acompanham. Saibam que vocês são o meu público. O meu espelho. A quem todo o meu trabalho faz valer a pena. O meu melhor legado. Porque eu sempre quis que a minha dança ultrapassasse os limites físicos de um estúdio ou de uma sala de espectáculo e vocês fazem isso. Levam a minha arte para além até ao infinito.














 


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Depois de tantos anos a Dançar e a Leccionar, não estás cansada?

  Queres uma resposta sincera a esta última pergunta selecionada desta série? Estou. Mas isso não me impede - por enquanto - de continuar. Eu sou bailarina e professora por vocação. Desde que me lembro sempre foi o "meu sonho" ser bailarina. E sempre me vi a fazer isso. A vontade de ser professora veio mais tarde, já em adulta, com a necessidade de querer passar os meus conhecimentos e experiência a quem me procura. Percebi, cedo na vida, que não seria feliz nem realizada se, pelo menos, não tentasse seguir a minha vocação. Com coragem, determinação e muita "fé", arrisquei. E depois de tantos anos, apesar de tudo, continua a fazer-me sentido. E, quando algo é tão natural e intrínseco a nós, é difícil ignorar e, largar. Com isto, não quero dizer que foi ou é fácil. E hoje, digo: preferia não ter esta vocação... preferia ter tido a vocação para ser médica, ou advogada, ou até arquitecta... tudo teria sido tão mais fácil. Tão mais aceite. E tão mais reconhecido...

Diário de Uma Professora de Dança Oriental - #aula12

 Querido Diário: E, num “piscar de olhos” chegou a #aula12: última do 1º trimestre da época 24/25 e, também última deste ano 2024. E de tão descontraída, esta aula foi 5 estrelas... rimos, falámos, brincámos, desejámos as boas festas e claro... dançámos. Ao som de mais umas músicas de Natal, disfrutámos também da pequena coreografia sequencial onde trabalhámos - bastante para sedimentar - a técnica do tema deste último trimestre. Gosto de finalizar etapas. Encerrar ciclos para dar espaço a novos. Vem agora novo ano, novo trimestre e com eles novas etapas, aulas, desafios e superações. Acompanhada pelas alunas mais belas, tudo será mais... aconchegante e, embora ainda não tenha lido nenhuma previsão astrológica para 2025, disto eu tenho a certeza: Nada como um círculo fiel de mulheres para nos apoiar e alavancar. Se juntarmos a ele o ingrediente Dança então... o nível e poder desse círculo é outro.   E assim me despeço: Até para o Ano! Que neste caso é o mesmo q...

Diário de Uma Professora de Dança Oriental - #aula11

Querido Diário: Nesta altura, com este frio, custa iniciar qualquer actividade física... E, a Dança Oriental, com raiz nos países do Médio Oriente onde o calor é rei, custa a adaptar-se às temperaturas próprias desta época no nosso país. Nas aulas, agora, calçamos meias (várias), perneiras, leggins mais grossas e os tops passam a camisolas. Mas, à medida que a aula avança, vamos também despindo todas essas camadas. Porque dançar aquece. Não só o corpo mas, também, a Alma. E aquele frio do início rapidamente dá lugar a um calorzinho reconfortante. É muito bom sentir esta dinâmica. Acredito (e sei) que não aconteça só com a dança, mas, com toda a actividade física. Custa “arrancar” mas depois, sabe mesmo bem.   E assim foi uma aula... diria... 4 estrelas. Só não foi cinco estrelas porque o calorzinho  gerado durou só... uma hora... a hora da aula .