Confesso que é algo que não gosto
de receber. Sejam as críticas que forem. Gosto de elogios, de feedbacks, de
opiniões, até que me corrijam, mas que me critiquem não. Irrita-me. E é logo
daquelas coisas que me fazem revirar os olhos.
Mas o que é exactamente uma
crítica?... Dir-me-ão que é tudo aquilo que descrevi em cima. Talvez.
Mas, há uma variante que, para mim, faz toda a diferença: o tom com que é dito.
A meu ver, tudo pode ser dito desde que se coloque o tom certo. E a mim
irrita-me o tom da critica. Muito mais que as palavras e piora quando não
peço.
Toda a minha vida ouvi críticas.
Boas, más, construtivas, maldosas, inocentes, perspicazes, destrutivas,
inteligentes. Eu própria já dei muitas... mesmo muitas. E sei o tom com que
disse muitas delas. Sei também que certos tons meus feriram alguns. Muitos
deles não foram de propósito. Era a única maneira que sabia para tentar elevar
algumas dessas pessoas. Foi assim comigo. Não cresci, profissionalmente
falando, a passarem-me as mãos nas costas. Muito pelo contrário. Eram nas duras
críticas, com os mais variados tons, que me fizeram ter estrutura para chegar
aos dias de hoje. Ser bailarina, tem de SABER receber as críticas. Não só as
ouvir. E para mim, não há críticas assim e assado. Há o tom, o modo, o contexto
de como a crítica é feita. Saber triar e perceber se aquela crítica me serve ou
se me acrescenta - para o bem ou para o mal - vem com os anos, com o
amadurecimento e passa também pela nossa inteligência. Até lá, ouvimos de tudo.
O que queremos e o que não queremos. Faz parte da exposição de ser bailarina e
também aluna.
Hoje em dia, tenho cuidado com a crítica a alguém... sei que, mais do que disser, o modo como digo, pode ter o poder construtivo ou destrutivo. Embora a tendência seja para cada vez mais, não se aguentar uma crítica. Não sabendo que muitas delas, que na altura achamos que foi a pior coisa que nos disseram ou não foi de encontro às nossas expectativas, acabam por ser milagrosas se bem geridas. É complicado. Definir críticas é "manhoso". Tudo depende do tom de quem faz e da inteligência (emocional) de quem recebe. Não há fórmulas, mas tem de haver bom senso. Sempre. Por isso, antes de abrir a boca, penso: será que, se fosse eu, gostaria de receber crítica que vou dizer?
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