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ACREDITO!

Não quis escrever este texto antes porque quis dar espaço para refletir e amadurecer pensamentos. Mas de uma coisa é certa: os tempos que vivemos não são indiferentes a ninguém. 
Nunca, nem nos meus sonhos (ou pesadelos) mais loucos, pensei em viver uma Pandemia. Vi filmes, li artigos, assisti a documentários mas nunca imaginei que pudesse acontecer no meu tempo de vida. Aconteceu. E agora, em retrospectiva, não sei como não aconteceu antes, mais vezes e ainda mais letal.

Confesso que no início desvalorizei... não podia ser assim tão mau... estava longe mas, quase do dia para a noite, aqui chegou ao nosso cantinho e de repente tudo muda. 
Claro que fiquei com assustada... por mim, pelos meus e por tudo que teríamos de passar. E também, do dia para a noite, caiu-me a ficha: novos tempos aí vinham. Como sempre, rápido me adaptei e aceitei as directrizes, regras, condições e o medo foi substituído por oportunidade e... fé.

Sim, acreditei (e ainda acredito) que esta pandemia trouxe oportunidade. De mudança. De paragem. De reflexão. De recolhimento. De rendição. De aceitação. De renascimento. De reaproximação. De valorização. De limpeza. De focagem. E de uma vez por todas, trouxe a oportunidade de olharmos para o nosso ecossistema e para os animais não humanos como parte igualmente importante de um delicado equilíbrio que o planeta Terra constantemente nos mostra mas estamos sempre egoistamente muito ocupados para ver.
Acreditei (e acredito) também que este vírus - consequência do impacto directo e da pressão brutal que exercemos no meio ambiente - é um grito do planeta. A irresponsabilidade de todos nós (espécie humana) parece não ter limites. A crueldade desmedida que incutimos aos animais não humanos é... para lá da minha imaginação mais sombria. A ambição ilimitada humana tem destruído a uma velocidade luz. E, ingenuamente, achamos que a factura não vem. 
Veio. Vem sempre. E com juros.

É impressionante como um minúsculo "ser", não visivel sequer a olho nu, confrontou-nos com a nossa fragilidade e nos levou a recolher e a parar. Quarentena, assim chamámos.
Para o planeta Terra, serviu como uma bomba de oxigénio e teve tempo para uma pequena regeneração. Para nós (assim também acredito) serviu para fazermos uma introspecção profunda. 
Para mim, serviu para colocar a minha vida em dia. Para fazer as pazes com as minhas sombras. Para reinventar-me. Para processar e reagir. Para dormir. Para ultrapassar a minha lendária resistência às tecnologias. Para criar. Para cozinhar aquela receita que estava para ser experimentada há anos. Para ver desenhos animados com a minha filha e aquela série com o meu marido. Para não fazer nada. Pois eu não me importo de não ter nada para fazer, incomoda-me é de não ter tempo para não fazer nada.
Improvisei, adaptei-me, rendi-me. Aproveitei.

Vi nestes tempos atípicos a oportunidade única de excepcionais mudanças. Oportunidade de uma viragem profunda, pessoal e interna, porque nada muda se não mudarmos e eu acredito (mais uma vez) que a verdadeira e real transformação começa em cada um de nós. 
Uma nova ERA - como tantos entendidos falam - começou. E começou em nós.

Quando, na altura, comentei isto chamaram-me de sonhadora, romântica, ingênua e até de irresponsável. Houve quem se revoltasse comigo e me criticasse. Vi pessoas revoltadas, amarguradas e em pânico. 
Claro! Nada disto é fácil! Nunca o disse que era. As Mudanças doem nas entranhas.
A solidão e a dor  de ver sofrer e de perder entes queridos põe à prova a nossa fé, resistência e até valores... mas também nos mostra o quão fortes podemos ser, porque tudo tem um outro lado. Temos é de estar sensíveis e atentos aos outros lados da mesma moeda, para assim, tirar o maior partido dela. Ficamos mais condicionados sim, há quem diga que nos foi roubada a liberdade mas, a minha mente não ficou nem nunca esteve condicionada muito menos a minha liberdade criativa. 
Mais uma vez, tenho fé, acredito, que nem tudo tem uma explicação mas tudo tem uma razão, e que esta, grande parte das vezes é superior a nós. Sim, confio no Universo e que tudo tem uma ordem num aparente caos. 

Acredito. Embora saiba que muitos não aproveitaram nada ou sequer aprenderam alguma coisa, acredito que, aos poucos, muito... muito devagar, surja um novo mundo, a tal nova Era. 
Sim... acredito por mim e pela minha filha. Vai ter de ser, senão, arriscamo-nos a desaparecer ou a destruir tudo. Já percebemos que não podemos sobreviver nem sozinhos, nem sem a Mãe Terra. Fazemos parte de um todo. Podem não acreditar em nada... mas RESPEITEM o nosso habitat, animais, os outros. Pequenas mudanças de hábitos e de consumos já fazem a diferença. 
Pensem nisso e se possível, acreditem.











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