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Danças que nos revitalizam

Como disse no post anterior, há trabalhos que fazemos porque sim e há trabalhos que fazemos por pura paixão.
No caso do último evento "Noite de Dança e Poesia" foi um daqueles trabalhos por puro prazer, pela entrega que se tem à Arte de Dançar.
Não só porque estava rodeada de colegas que admiro e tenho um profundo respeito. Mas também porque conheci um exemplo de bailarina e mulher que me inspirou a dar o melhor de mim naquela noite. Ela chama-se Paula Lena (what a woman...).
Por incrível que possa parecer, senti uma energia que envolvia e que criou um ambiente unico e forte. Senti ali a presença das nossas antecessoras, a alma das mulheres da terra materializadas em danças de transe milenares, tudo num ambiente onde não havia espaço para egos, superficialidade e manias.
Amei! 
E isso notou-se na minha dança. Não só para quem assistiu mas - e principalmente - eu senti que o meu baladi (ao estilo do Cairo), de repente ganhou uma vida própria e eu não era eu... era um corpo guiado por algo mais profundo, numa improvisação bem... mágica, eu diria.
Como me senti bem... disse: "exorcizei os meus demônios" naquela noite. E foi mesmo.
É impressionante. Há medida que os anos vão passando, a minha dança evolui para um nível onde tudo que é racional e superficial desvaneasse-se. De repente dou por mim não a recriar-me mas a transformar-me. É um campo que estou agora a explorar. Deixar-me ir... pela musica, pela energia, pela força ancestral que corre nas minhas veias das minhas mães e avós. Deixar a mulher selvagem, primitiva, intuitiva que há em mim vir à superfície da pele em forma de dança. 
Um desafio, que irá tornar o meu novo espectáculo, muito, muito especial.


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