Avançar para o conteúdo principal

A Crueldade das Palavras

É do conhecimento publico que os artistas têm tendências estranhas, gostos esquisitos mas, sobretudo uma sensibilidade apurada. Eu acho que somos pessoas normais, comuns, com a diferença que não nos importamos de assumir o que não é convencional. Sempre fui assim, a "esquisita" da família. Forte, impetuosa, mas, sensível. 
É também do conhecimento geral que os bailarinos têm uma vida de entrega, sacrifício e disciplina para que, em poucos minutos, consigam brilhar no palco. Eu fiz a minha entrega à Dança Oriental anos atrás e, o sacrifício dessa escolha é diária, com uma disciplina que se revela mais a nível emocional que físico.



Tenho reparado, ultimamente, na influencia que certas atitude mas, especialmente, palavras têm em mim. Durante anos bloqueei as energias negativas que se deparavam à minha frente - e pelas minhas costas - não dando ouvidos à mais mesquinha das entranhas humanas mas, reforço: sou uma pessoa normal, que SENTE. O cansaço e desgaste de tanta mesquinhice conseguiu rachar a minha bolha de protecção e assim, deixar-me abalar. 
É impressionante a crueldade do ser humano. Quase que não é humano. Acho que não é mesmo. Não pode ser humano, prefiro pensar assim.
Reparei que as palavras mais requintadas de crueldade - e aquelas que dói na alma - não são de estranhos, são dos nossos mais chegados (fantástico!!!). A família com que nós convivemos diariamente é do piorio...Ui!!! Se sabem magoar!! E, aqueles "amigos" que pensamos ingenuamente que o são, mas revelam-se... pequenos monstros. Esses então acabam por ser mestres na arte da simulação, deveriam ganhar prémios!
Claro que aos que valem a pena - apesar de tudo -, acabo por perdoar. Muitas das vezes faço o esforço de tentar perceber (se é que existe uma explicação) para atitudes que "não lembra o diabo" e, concluo que, não consigo controlar palavras e comportamentos dos outros, por mais que nos iludamos em achar que conhecemos bem essa ou aquela pessoa. 
A única coisa que consigo controlar (e já dá MUITO trabalho) são as minhas palavras, as minhas atitudes e garantir que a minha bolha de protecção não rache facilmente.
Manter a integridade intacta neste mundo não é para humanos... é para super-humanos. Seria mais fácil partir para a estupidez, para a amargura, ser azeda e vingativa, mas não. Escolho não o ser. 
Sei quem sou e há valores meus que não corrompo. As atitudes desconcertantes, a energia negativa, as palavras cruéis dos outros fica com eles. Por mais próximos que me sejam, por mais convivência que tenha e por mais que os ame, não os consigo/posso controlar e assim, LIBERTO-ME desse peso (morto).
Liberto-me principalmente da magoa, rancor e do desejo de retaliação. Energeticamente e espiritualmente, simplesmente afasto-me. É uma escolha. Mais uma vez, escolho-ME. 
Sim... ser bailarina impera a disciplina, e é isso que faço: disciplino a minha mente, coração, alma.



PS: deveria também haver fotos destas, bem giras e diferentes, de bailarinas de Dança Oriental. Se tiverem enviem-me! ;)

Comentários

  1. Oh, é normal que sejam os mais próximos quem mais nos magoa, precisamente por esperarmos deles apoio incondicional. Mas são humanos, sim, por isso erram. Eu tb erro mta vez e gosto sempre de ser perdoada. Claro que há coisas que não se podem esquecer, mas gosto sempre de acreditar que não foi por mal. :)

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Depois de tantos anos a Dançar e a Leccionar, não estás cansada?

  Queres uma resposta sincera a esta última pergunta selecionada desta série? Estou. Mas isso não me impede - por enquanto - de continuar. Eu sou bailarina e professora por vocação. Desde que me lembro sempre foi o "meu sonho" ser bailarina. E sempre me vi a fazer isso. A vontade de ser professora veio mais tarde, já em adulta, com a necessidade de querer passar os meus conhecimentos e experiência a quem me procura. Percebi, cedo na vida, que não seria feliz nem realizada se, pelo menos, não tentasse seguir a minha vocação. Com coragem, determinação e muita "fé", arrisquei. E depois de tantos anos, apesar de tudo, continua a fazer-me sentido. E, quando algo é tão natural e intrínseco a nós, é difícil ignorar e, largar. Com isto, não quero dizer que foi ou é fácil. E hoje, digo: preferia não ter esta vocação... preferia ter tido a vocação para ser médica, ou advogada, ou até arquitecta... tudo teria sido tão mais fácil. Tão mais aceite. E tão mais reconhecido...

Diário de Uma Professora de Dança Oriental - #aula12

 Querido Diário: E, num “piscar de olhos” chegou a #aula12: última do 1º trimestre da época 24/25 e, também última deste ano 2024. E de tão descontraída, esta aula foi 5 estrelas... rimos, falámos, brincámos, desejámos as boas festas e claro... dançámos. Ao som de mais umas músicas de Natal, disfrutámos também da pequena coreografia sequencial onde trabalhámos - bastante para sedimentar - a técnica do tema deste último trimestre. Gosto de finalizar etapas. Encerrar ciclos para dar espaço a novos. Vem agora novo ano, novo trimestre e com eles novas etapas, aulas, desafios e superações. Acompanhada pelas alunas mais belas, tudo será mais... aconchegante e, embora ainda não tenha lido nenhuma previsão astrológica para 2025, disto eu tenho a certeza: Nada como um círculo fiel de mulheres para nos apoiar e alavancar. Se juntarmos a ele o ingrediente Dança então... o nível e poder desse círculo é outro.   E assim me despeço: Até para o Ano! Que neste caso é o mesmo q...

Diário de Uma Professora de Dança Oriental - #aula11

Querido Diário: Nesta altura, com este frio, custa iniciar qualquer actividade física... E, a Dança Oriental, com raiz nos países do Médio Oriente onde o calor é rei, custa a adaptar-se às temperaturas próprias desta época no nosso país. Nas aulas, agora, calçamos meias (várias), perneiras, leggins mais grossas e os tops passam a camisolas. Mas, à medida que a aula avança, vamos também despindo todas essas camadas. Porque dançar aquece. Não só o corpo mas, também, a Alma. E aquele frio do início rapidamente dá lugar a um calorzinho reconfortante. É muito bom sentir esta dinâmica. Acredito (e sei) que não aconteça só com a dança, mas, com toda a actividade física. Custa “arrancar” mas depois, sabe mesmo bem.   E assim foi uma aula... diria... 4 estrelas. Só não foi cinco estrelas porque o calorzinho  gerado durou só... uma hora... a hora da aula .