Avançar para o conteúdo principal

A poucas horas dos meus 35 anos...


"A águia é a ave que possui a maior longevidade da espécie. Chega a viver cerca de 70 anos. Porém, para chegar a essa idade, aos 40 anos, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão. Aos 40 anos, suas unhas estão compridas e flexíveis e já não conseguem mais agarrar as presas, das quais se alimenta. O bico, alongado e pontiagudo, se curva. Apontando contra o peito, estão as asas, envelhecidas e pesadas, em função da grossura das penas, e, voar, aos 40 anos, já é bem difícil! Nessa situação a águia só tem duas alternativas: deixar-se morrer... ou enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar 150 dias. Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e lá recolher-se, em um ninho que esteja próximo a um paredão. Um lugar de onde, para retornar, ela necessite dar um vôo firme e pleno. Ao encontrar esse lugar, a águia começa a bater o bico contra a parede até conseguir arrancá-lo, enfrentando, corajosamente, a dor que essa atitude acarreta. Espera nascer um novo bico, com o qual irá arrancar as suas velhas unhas.Com as novas unhas ela passa a arrancar as velhas penas. E só após cinco meses, "renascida", sai para o famoso vôo de renovação, para viver, então, por mais 30 anos.
Muitas vezes, em nossas vidas, temos que nos resguardar, por algum tempo, e começar um processo de renovação. Devemos nos desprender das (más) lembranças, (maus) costumes, e, outras situações que nos causam dissabores, para que continuemos a voar. Um vôo de vitória. Somente quando livres do peso do passado (pesado), poderemos aproveitar o resultado valioso que uma renovação sempre traz."
Autor Desconhecido

Eu não sei se este texto é verdade ou não, mas, resume o meu trigésimo quarto ano de vida.
A poucas horas de completar 35 anos faço, como sempre, uma retrospectiva da minha vida e concluo que, tal como a águia, tive a necessidade  - ou melhor urgência - neste último ano de me resguardar para não morrer. Tão simples como a águia, voei para o meu ninho interior... Recolhi-me, Aprofundei-me e Renovei-me para poder VIVER ( no sentido pleno da palavra).
Foi um ano de total isolamento com um afastamento consciente de tudo e todos que poluíam a minha mente e alma. Foi um ano de reflexão do que fiz, de quem sou, do que quero através de  uma profunda meditação com direito a lágrimas, dor e desespero. 
Foi duro... é violento quando não negamos um processo de cura e percebi que, é quando aceitamos a dor e abraçamos o nosso próprio sofrimento que conseguimos ultrapassar esse momento mais facilmente. 
Mais uma vez, foi nos instantes em que dançava que a cura acontecia e lembrava-me que, como em tudo, os momentos de dor também passam. 


Dizem também os entendidos no assunto que, aos 35 anos, completamos e damos início a uma nova etapa de sete anos nas nossas vidas. Com ela, enterramos um velho EU (velhos hábitos, atitudes, pensamentos) e nasce uma nova verdade. 
Acho que têm razão. Ao atravessar por este processo de renovação pelo qual TINHA de passar, sinto que uma nova ERA nasceu para mim. Aquilo que tinha de me aperceber, apercebi-me. Aquilo que tinha de ver, agora vejo. Aquilo que tinha entalado na minha garganta/alma, agora grito.
Interiorizei o que é AMAR-ME. O que é VALORIZAR-ME. Mergulhei ainda mais fundo em saber quem SOU. 
Com todos os meus defeitos e virtudes, sei agora que SABER VIVER, SER FELIZ e ser completamente responsável pelas minhas decisões e opções - ou seja, SER UMA MULHER LIVRE - ofende muita gente mas, FINALMENTE, percebi que não isso não é um problema meu. É de quem se sente incomodado pela minha liberdade / vida / felicidade.
Desresponsabilizei-me de qualquer culpa de ser quem sou e de fazer o que faço e, com esta nova e restruturada atitude, o meu foco nunca foi tão preciso e claro.
Após 150 dias, a águia voou forte, com plena saúde e vigor.
Eu, após 365 dias, "voei do ninho" limpa e renovada. Dançarei a dança da vida, com mais sabedoria, maturidade e felicidade.
Parabéns a mim!!!


Comentários

  1. Olá Querida Sara :),
    Conheço esta tua longa batalha e fico muito feliz pela tua libertação.
    Muito poderosa e intensa a história da águia.

    Que nesta nova fase abras as tuas asas, voes com força, serenidade e aprecies a viagem.
    Beijos doces e saudosos,

    Cecília

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Querida Cecília,
      Grata sempre pelas tuas palavras... irei sim apreciar cada segundo da minha viagem.
      Um GRANDE abraço!

      Eliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Afinal o que é ser humilde...

As bailarinas ouvem muitas vezes a palavra humildade, que temos de ser, viver e actuar com humildade. Concordo plenamente... Mas o que é humildade? E quem é que pode dizer a outro tu és e tu não és humilde? Socialmente uma pessoa humilde não ostenta riqueza nem vaidade, procura ser útil mas discreto e pede ajuda fazendo questão de dizer que não sabe tudo. Que pessoa humilde seria esta! E quase perfeita... Lamento desiludir, mas não tenho todas essas características! Sou humana, tenho defeitos e muitos... como todos vocês! Para mim, humildade é um valor que se adquire logo na infância e se desenvolve ao longo da vida. Mas acho que há vários graus e muitíssimas definições de humildade. O que pode ser para mim uma acção humilde para outro é algo bem diferente. Quantas vezes agimos ou dizemos algo que pensamos, que é natural aos nossos olhos, mas somos logo julgados: "Não és nada, humilde!" Penso: como bailarina, posso ser humilde? Vocês dir-me-ão: Claro! Tens mais é que ser h

Então, o que basta?

Desde que me lembro, oiço dizer que, para dançar é preciso gostar mesmo. Ter Amor, Paixão pela Arte da Dança. Concordo. Cresci a ouvir isto. Mas, basta?...  Hoje, depois de tantos anos dedicados à Dança, eu acho - melhor, tenho a certeza - que não.  Então, o que basta?... Sinceramente?!... Tudo. Danço desde sempre. E desde sempre, o meu Amor pela Dança impulsionou-me a continuar. Foi assim com a minha primeira paixão: o ballet e que continuou para a Dança Oriental onde foi "Amor à primeira vista." Tal como num casamento, a paixão inicial transforma-se num Amor. Amor este que se tornou profundo, amadurecido e, também calejado.  Manter uma relação, não é fácil nem romântica como se idealiza, muito menos incondicional. É necessário esforço, dedicação, responsabilidade, sentido e condições. Definitivamente, só o Amor não basta. Na Dança, sinto que é igual. É uma relação entre a bailarina e a sua arte. Há que investir nesta relação para que o Amor - base fundamental SIM - não fiqu

Outro pecado, defeito ou talvez virtude

Não consigo ser hipócrita e cínica. Danço aquilo que sinto... e não há volta a dar. Por mais que tente, não consigo, fingir que estou alegre quando estou triste, gostar quando não gosto, rir quando me apetece chorar, mentir quando me quero dizer umas verdades. Sinceramente até hoje não sei se isto é uma virtude ou defeito. Ao longo da minha vida poucas não foram as situações em que se tivesse sido hipócrita tinha ganho mais, em que se o cinismo falasse mais alto tinha evitado inúmeras "saias justas". Muitas vezes a minha mãe e até marido dizem-me que não posso ser tão directa em certas situações, que às vezes a minha antipatia com quem não gosto é-me prejudicial. Dizem-me "finge" e eu respondo "é pá, não consigo" e não dá mesmo! Confesso que alguns comentários que dou, resposta impulsivas, atitudes de mau humor caem-me mal e transpareço uma brutalidade que não é totalmente verdadeira. Quem não me conhece fica a pensar que sou arrogante, antipática, conven