Ao longo dos últimos meses, compactei - o que chamei Lições de Vida e de Dança - o que eu achei mais importante da jornada que é viver da e para a Dança.
Nesta última (pelo menos por agora) lição, partilho o que para mim foi e é, a mais importante dádiva que a Dança do Oriente me deu: a RESSURREIÇÃO e RESGATE do meu EU.
Sim, esse meu EU - a minha essência - quando conheci a Dança Oriental, estava morta. Não me reconhecia, não sabia quem eu era, onde me encaixar. Estava completamente perdida.
Ao crescer numa sociedade que nos prepara academicamente - com a perspectiva que tal profissão nos dará o sucesso (material) esperado - e não espiritualmente, muito menos emocionalmente, experienciei ainda muito jovem a sensação de me sentir anormal por pensar de uma maneira diferente e, excluída por agir e falar o que não era suposto.
A pressão, quando somos jovens é tanta e a nossa preparação interior é tão pouca que, na altura, para ser aceite, deixei-me domar. Anulei-me durante alguns anos afim de me tentar adaptar a um mundo , que agora vejo, é de um cor-de-rosa sujo, podre e falso.
Tentei ser "normal", tentei incluir-me, fazer o que era esperado e o "correcto" mas não consegui... a Dança e todo o seu processo de aprendizagem resgatou-me do abismo que me estava a atirar.
Ela (Dança Oriental) obrigou-me a olhar para o meu EU. Obrigou-me a conhecer-me, a amar-me, e deu-me os alicerces para ter a coragem de assumir quem sou. Sem medo e sem reservas. Finalmente percebi que não sou "anormal"... sou original. E tudo que sentia em jovem não era "mau", simplesmente era a minha verdade a desabrochar a fim de encontrar o meu lugar neste mundo.
O mais engraçado é que, durante o meu percurso na Dança Oriental e quando já bailarina profissional, tentei também ir pelo esperado, pelo óbvio, por aquilo que é mais comercial, negando, mais uma vez, aquilo que realmente sentia e queria.
Experienciei também (como em jovem) a sensação de ter de ser aceite e a angustia de não gostarem da mim ou da minha dança. E, também mais uma vez, não consegui adaptar-me ao que não ia de encontro à minha essência.
Ao negar tal caminho - do esperado e do regulado - mergulhava cada vez mais fundo do que é ser bailarina desta Arte. E isso deu-me a clareza para resgatar-me da minha própria acomodação e de tronos já conquistados e ilusórios.
Experienciei também (como em jovem) a sensação de ter de ser aceite e a angustia de não gostarem da mim ou da minha dança. E, também mais uma vez, não consegui adaptar-me ao que não ia de encontro à minha essência.
Ao negar tal caminho - do esperado e do regulado - mergulhava cada vez mais fundo do que é ser bailarina desta Arte. E isso deu-me a clareza para resgatar-me da minha própria acomodação e de tronos já conquistados e ilusórios.
Percebi o que o minha intuição gritava: que esta Dança é muito mais que, vulgo, a dança do ventre ou bellydance enfeitada com purpurinas e moedinhas nas ancas de egos desfeitos e doentes.
Encontrei, dentro de mim, um linguagem orgânica e dinâmica que não se traduz em meras coreografias superficiais... Descobri a Dança Ancestral e Sagrada dos nossos antepassados. É a Dança do Oriente. É a minha Dança que não preenche rótulos, modas ou fantasias. Preenche-me a mim.
Ressuscitei o meu Eu e, criei a minhas próprias directrizes que resulta numa dança original, única e auto-confiante.
Todas estas experiências a que eu chamo VIVER, deu-me destreza e força para desenvolver um estilo de vida atípico mas real e sincero.
Todos os dias me lembram que sou estranha, que não sou normal. Que deveria fazer isto e aquilo. O mundo tenta abalar o meu Eu. Mas, cada vez que danço - seja numa aula, palco ou num canto - esta, lembra-me ser fiel a mim própria , à minha individualidade e autenticidade. Cada vez que danço, ressuscito um pouco a minha verdade e fortaleço-me emocionalmente afim de não aceitar pressões que aniquilem - de novo - o meu Eu e que me desviem da minha missão.
Sim. O caminho da Dança Oriental fez-me querer dançar e viver como eu. Não como o fulano tal e a não ter nenhum tipo de preconceito ou reserva em partilhar com o mundo.
Sim. Eu danço/vivo como EU - a maior e a mais importante lição que a dança me ensinou.
Querida Sara,
ResponderEliminarque grande e poderosa lição!
A Dança da Vida que tudo remexe e tudo traz à tona para ser transmutado e sanado.
Dançam-se as alegrias, as dores, tudo é expresso com movimento ou a ausência dele.
No mais pequeno movimento se exprime o viver, o sentir, o ser.
Beijos grandes e saudosos,
Cecília
Querida Cecília: NEM MAIS!!! ;)
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