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Lições de Vida e de Dança III - Entrega

Há um ditado popular que me encaixa perfeitamente: 
"Nós fazemos planos e Deus ri-se deles."
Imagino o quanto Deus ri-se de mim todos os anos, quando, por volta desta altura, faço planos para o próximo ano. 
Mas, acho que desta vez não vai ter sorte comigo... Não tenho tido outro remédio senão ENTREGAr-me. Entregar-me à Vida, e ao que esta me reserva sem "espingardar" muito,  sem fazer planos que nunca saem como planeei.
Acontecimentos recentes na minha vida, forçaram-me a pensar MUITO - talvez até demasiado - neste conceito de entrega a aquilo que não conseguimos (nem era suposto) controlar, que, para uma control freak como eu, é complicado. 
Sim, custa-me não ceder à ilusão do controle, que é o que realmente é: uma ilusão.
Então decidi (talvez esteja eu de novo a controlar) não me iludir mais. Simplesmente, deixei de teimar impondo o que penso que é bom para mim e entreguei-me ao que Deus tem planeado para mim (se é que tem alguma coisa planeada). 
Em vez de desconfiar e ter a prepotência de que Eu é que sei, estou literalmente - e talvez pela primeira vez na minha vida - a confiar e a deixar-me levar por algo superior. 
Chegamos a um ponto, que não temos outra alternativa senão submetermo-nos. Quando já fizemos de tudo, esgotamos todas as nossas cartas, só nos resta mesmo ENTREGAR e CONFIAR.
Surpreendentemente a coisa resulta numa paz indescritível e é impressionante como, de alguma forma, tudo se resolve e o resultado é muito melhor que alguma vez espetado. 
Claro, que já o faço há muito na dança. Aliás foi ela que primeiro me despertou para esta atitude. Entrego-me cada vez que piso o palco, cada vez que dou uma aula, cada vez que escrevo neste blog. Não planeio, não penso muito. Simplesmente FAÇO, simplesmente DANÇO numa entrega sagrada que faço a mim própria e ao meu publico. 
A sensação de alívio quando o faço é indescritível. E esta escolha - que é uma escolha - de entrega à vida e à dança não custa assim tanto... exige antes uma superação dos nossos preconceitos, crenças impostas e medos.
Por isso sugiro: dê um presente a si própria neste Natal, ENTREGUE-SE.

BOM NATAL E QUE 2014 SEJA O ANO... da ENTREGA e da ESPERANÇA.



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