RESPEITO.
Palavra tão simples mas carregada de complexidade. Ter-me respeito e fazer-me respeitar é, provavelmente, a melhor e a mais difícil lição que a Dança Oriental me proporciona.
Durante todos estes anos, percebi o quanto a D.O. me respeita e exige respeito, como se uma entidade superior se tratasse. Este grande mestre (D.O.) mostra-me, em cada dança, tanto a ensinar como a actuar, o poder que tenho de ME agradar, de ME seduzir, de ME mimar, de ME fazer sentir bem com o meu corpo e na minha pele. O mestre, através de movimentos tão singulares, despertou em mim uma energia adormecida devolvendo-me um amor próprio que nunca tinha sido estimulado. Ensina-me a amar-me, dá-me a conhecer e potencia as minhas virtudes, mas sobretudo transforma os meus defeitos.
A D.O. respeita o meu tempo, o meu espaço, as minhas vontades.
A D.O. aceita-me.
A D.O. adapta-se ao meu pensamento, ao meu sentir, ao meu corpo físico e espiritual.
Mas em contrapartida, como os dois lados da moeda, exige-me que a dignifique. Que a use com alma e humildade. Com carisma e personalidade (muitas vezes erradamente confundido com arrogância e manias de diva).
Costumo dizer que a D.O. é para todos mas nem todos são para a D.O.
Infelizmente a maior parte de quem está a ler este texto não entende o que está escrito, simplesmente, porque nunca parou para pensar (e sentir) que, a grande vantagem em se deixar abraçar por esta Arte não é a alimentação de egos, vaidades superficiais e orgulhos. A grande ferramenta que esta dança nos disponibliza é poder conhecer-mo-nos a fundo e aceitar-mo-nos. Se bem adquirida, esta (dança) torna-nos fortes e intuitivos, com uma visão da Vida muito para além da mera superficialidade.
Infelizmente muitos de vós, não quer ir ao fundo da questão, porque custa. Sim custa muito admitir as nossas falhas, sim custa muito saber que não sabemos tudo. Sim custa ser humilde e pedir ajuda. Sim custa ter olho critico sobre nós próprios. É sim, bastante mais fácil, iludir-mo-nos. É sim muito mais confortável ficar-mo-nos pelo mais básico.
Mas não se enganem: é impossível iludir a D.O. e pior, iludir com a D.O.
Quer queiram ou não, está na vossa dança reflectido - como se de um espelho se tratasse - o tamanho de vosso respeito por vocês, pelos outros e pela Dança.
Na Vida, e na prática, curiosamente, não é muito diferente que na aula e no palco.
O respeito que fui adquirindo (sim, é algo que se vai conquistando) através da minha experiência como bailarina, traduz-se diariamente no meu quotidiano. Vivo com confiança em mim e na minha intuição. Aprendi a colocar-me em primeiríssimo lugar. Ganhei coragem em saber dizer NÃO, àquilo que iria contra os meus valores ou vontade só porque seria mais fácil ou conveniente. Digo SIM, aos desafios, ao desconhecido, à improvisação que a VIDA nos impõe. A ter PAZ, mesmo quando tudo parece desmoronar.
A D.O. - porque quis e continuo a procurar nela muito mais para além do óbvio - acordou em mim a vontade de VIVER a VIDA. Com todas as suas dificuldades mas uma vida plena, verdadeira, real.
A D.O. exigiu-me verdade. Comigo própria e para com os outros, mas deu-me a coragem de ser EU com toda a minha originalidade. Permitiu-me não ser mais uma. Nem mais uma bailarina, nem simplesmente mais uma cidadã. Permitiu-me contribuir, para este mundo, com a minha autenticidade. Se assim não fosse jamais conseguiria ter a criatividade que tenho no palco. Jamais conseguiria reinventar-me em cada dança. Jamais aguentaria uma carreira.
Para mim isto é RESPEITO... que palavra tão simples.
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