Quando estava a estudar Arquitectura, tinha um professor que dizia: " as nossas melhores criações surgem não no atelier, mas fora dele."
Na altura não percebi, mas a frase ficou-me até ao dias de hoje, e hoje, como artista que sou, percebo o que ele quis dizer.
Já disse em mensagens anteriores, que o que faz um bailarino ser carismático e ficar na memória de quem o vê, é a maneira como ele, "deita cá para fora" através do movimento, toda a bagagem emocional que carrega.
Essa "bagagem" vai sendo construída ao longo da nossa vida e quanto mais VIVERMOS mais bagagem teremos.
Os melhores projectos de arquitectura surgem durante uma conversa, numa meditação na praia, a ver um filme, a passear, a ler uma revista, a ver um programa de televisão, etc... o atelier serve só para planificar todas as ideias que têm enquanto VIVEM a Vida.
Não muito diferente do que acontece quando estou em processo de criação, ou seja, quando estou a dançar. Inspira-me tudo que descrevi acima e muito mais: a música, o meu estado de espírito, a audiência, aquela conversa que tive, o espectáculo que vi ontem, o dia bem passado, a desilusão que tive na semana passada, o que vou fazer a seguir, a alegria que tive hoje, as minhas inseguranças, etc... a técnica da dança é só a ferramenta que uso para exprimir toda a bagagem que tenho coleccionado com as experiências da vida.
Não é no estúdio que crio as minhas performances, é no próprio momento enquanto estou a fazer a actuação, e não detalhadamente coreografado, tudo de improviso, tal e qual como gosto de viver.
A nossa dança é o espelho da nossa vivencia!
So... A minha principal fonte de inspiração é a minha própria vida.
Comentários
Enviar um comentário