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Afinal...

Já escrevi várias vezes de como, por vezes, temos actuações particularmente difíceis.
Ou é o chão que está escorregadio, ou está um frio de rachar, ou parte do nosso traje desaperta-se, ou de repente cai um copo no chão e parte-se mesmo perto dos nossos pés... enfim... já me aconteceu de tudo. Mas, de todas as dificuldades que uma bailarina de Dança Oriental passa, a que mais me custa é, de longe, a indiferença e a falta de respeito por parte da audiência.
Já descrevi também várias vezes, de que como as pessoas que me estão a ver, condicionam de maneira directa a minha actuação. Garanto que tento sempre fazer o meu melhor, mas quando sinto desrespeito, a exibição não é brilhante. Não consigo fingir aquilo que não sinto...
Mas, últimamente, tem acontecido um fenômeno que não estava nada habituada.
Nalguns dos shows (não todos, Graças a Deus, se não dava em doida) que tenho feito em espaços nocturnos (bares de temática árabe, especificando para não haver más interpretações), parece que ninguém está a prestar atenção... estão todos na conversa com os amigos intercalando com um gole de bebida e de vez enquando lá percebem que está alguém a dançar...
Embora, nesses casos, me custe não ter o feedback que gostaria, continuo o meu trabalho o melhor que consigo, encontrando forças não sei bem aonde.
Estranhamente, houve um show deste tipo, que no final, quando já me estava a ir embora, uma pessoa vem dar-me os parabéns pela minha dança... faço um agradecimento tímido e fico radiante!!! Aquela noite já tinha valido a pena.
Curiosamente, a próxima vez que vou dançar no mesmo espaço, deparo-me com um grupo de pessoas que foram de propósito ver-me... e aquela que me tinha dado os parabéns também estava ... e por acaso ou não, até umas alunas minhas deslocaram-se com amigos também para assistir à minha apresentação!
Afinal... quando penso que ninguém está a prestar atenção, há sempre alguém a VER, e é para essas, que o meu trabalho vale cada dificuldade... elas são a minha melhor inspiração...

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