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E assim Nasceu... uma MÃE.

Ela dorme profundamente. Está silencio e, só agora, passado oito meses desde o nascimento da minha filha é que consigo - FINALMENTE - sentar-me com calma ao computador e retomar o blog.
Não escrevo desde Junho. Não consegui. Disse que o voltaria a fazer em Novembro passado... antes de ela nascer disse tanta coisa... pensei tanta coisa... e já se passou tanta coisa.
Precisei de tempo. Tempo para criar alguma distancia e assim ter capacidade de raciocínio e destreza emocional para este post. É um texto que me é difícil, mas que me exigi escrevê-lo. Escrevo-o para mim, para recordar, arrumar pensamentos, acalmar sentimentos e para pôr em palavras como foi e como é esta minha nova vivência. Ao partilhá-lo espero que chegue ao coração de muitos e à alma de de quem é mãe.

Eu demorei 36 anos a querer ter um filho. Nunca entendi o tal "relógio biológico a dar horas"(aliás, ainda hoje não percebo o que isso é) e desejo de engravidar. Muito pelo contrario! Fugia "a sete pés" de tudo que tivesse a ver com o tema maternidade. Sempre achei que não era para mim e que não era capaz. A verdade é que tinha medo. Medo da dor, da responsabilidade, do compromisso.
O meu útero estava bem ocupado com a dança e NÃO, lá por a Dança Oriental ter o cariz feminino que tem, quem o pratica, não tem obrigatoriamente de sentir o desejo ardente de ser mãe. Eu não o tinha.
Não fui (acho eu) um caso comum... senti muitas vezes na pele a pressão da sociedade e da família (que me irritava para além do suportável) e, a estranheza de muitos (homens e mulheres) pela minha forma descontraída com que me desviava do tema. Dizia - e digo - que já era mãe... da minha cadelinha Nikita, a grande responsável - acreditem ou não - pela superação do meu receio. Ela ajudou-me a querer ser mãe, a perceber que, afinal era capaz e a recompensa por cuidar de um ser era maravilhoso.
A certa altura, por mim e por amor ao meu companheiro (que esperou 9 anos, sim, 9 anos!!) DECIDI ter um filho. Acima de tudo EU quis, e só agora o desejei. Foi uma escolha, e assim aconteceu.

A minha gravidez foi calma mas emocionalmente arrebatadora.
Ao descobrir que estava grávida, o primeiro sentimento que tive foi de susto. Olhei, talvez umas 50 vezes para o teste... depois olhei para a minha barriga. Não acreditava. Demorei algum tempo a processar... um dia inteiro. Depois veio a alegria e o entusiasmo a contar ao pai. Surgiram, de seguida, as duvidas, o que fazer agora, como planear tudo e medo... mais uma vez, muito medo.
Tinha uma vida a formar-se dentro de mim, não era "coisa pouca" e, com essa tomada de consciência, a minha energia e pensamento começou a mudar. A prioridade passa a ser o nosso rebento. Custe-nos o que custar.
Em retrospectiva, lembro-me de não estar isolada mas sentir-me muito sozinha. Chorei muito... não sabia bem porquê mas chorei. Dizem os entendidos que eram as hormonas... essas malandras... nem vou falar delas...
Na realidade é um processo muito individual e interno que mais ninguém pode passar por nós. Foi exigente, cansativo, desafiou a minha resistência física e abalou a minha força emocional.
À medida que os meses passavam, os limites físicos característicos aumentavam e a solidão também. Foi duro. Tudo correu bem (Graças a Deus) mas estar grávida requer sacrifício, entrega, energia, tempo, espaço e muita, muita paciência para aguentar a espera e a curiosidade, aceitar as limitações, entender as mil e uma vertentes de como dar à luz e muita expectativa. Passaram nove meses de leituras sobre o tema, idas regulares à obstetra, exames e mais exames, muito enjoo, muito sono, muita fome e MUITO calor (últimos três meses no pico do Verão... nem vou comentar!).
Houve também muito "ruído" à minha volta e senti muitas vezes a tendência - talvez não por mal - de confundirem a fragilidade e sensibilidade próprias deste "estado de graça" como tomarem-me por tonta, aluada e dramática. Estive sim mais fragilizada e mais sensível mas não estava parva! Ter sabido abstrair-me de todo esse "barulho" e ter ouvido a minha intuição foi o que, grande parte das vezes, me deu segurança para saber dizer não ou sim , fazendo assim prevalecer a minha vontade como mulher gestante e futura mãe. Afinal, o corpo era meu e aquele filho também. Para mim, o recolhimento social e profissional que fiz, sem expor demais o meu estado, foi importantíssimo para saber o que fazer e me sentir confortável com as decisões que ia tomando, não só por mim, mas, e principalmente, para resguardar o bebé que crescia dentro de mim.

No final da gestação, eu estava enorme e cansadíssima. Desejava a chegada do dia D mas, e mais uma vez, estava cheiinha de medinho. Não tenho vergonha nenhuma de afirmar que o parto era algo que me assustava, MUITO e por isso mesmo, durante as 39 semanas + 2 dias que antecederam o dia 27 Setembro eu preparei-me o melhor que conseguia. Frequentei um curso de preparação para a maternidade, pratiquei yoga para grávidas, procurava e lia tudo o que encontrava na net e nos livros sobre o assunto. Para além de tudo isso, apesar de ter abrandado o ritmo, continuei com a minha rotina de dança. No dia D, levava a lição bem estudada. Sabia exatamente o que fazer e o que esperar. Seria um parto normal, rápido e quase indolor. Acreditava piamente nisso.
Claro que não foi nada assim. E, a grande lição que aprendi durante a minha gestação é que numa gravidez tudo é imprevisível até o previsível.
Intuitivamente, sempre soube que precisava de ser acompanhada por uma equipa médica que confiasse e, se na hora H eu não conseguisse, essas equipa conseguiria por mim. Como quase sempre, a minha intuição estava certa. Inchadíssima, e com a tensão arterial a subir, o meu parto - para grande decepção minha - teve de ser agendado e provocado. Lembro-me perfeitamente a noite anterior ao parto, dormi tranquilamente uma noite inteira pela última vez desde esse dia. Acordei calma e cheia de expectativas, afinal tinha tudo controlado  mas assim que entrei no hospital a minha calma desapareceu. O processo iniciou-se e a ansiedade tomou conta de mim. Estava assustada e bloqueei. Tinha as contrações (indolores, lucky me)  mas a dilatação tinha estagnado. Acabou em cesariana. Fiquei tristíssima, decepcionada comigo própria... eu tinha-me preparado para ser de outra maneira, não para uma cesariana... mas, num parto o nosso corpo parece ter vontade própria e, na verdade, acabamos por não controlar nada. A certa altura, não tive outra hipótese senão confiar em quem me estava a ajudar para que a bebé nascesse bem e rápido.

Normalmente dizem que uma cesariana é mais fácil que um parto normal. Eu não achei nada fácil. De repente, estás completamente exposta e, deitada prendem-te as pernas e os braços. Já não tomas decisão nenhuma sobre o teu corpo ou o que vão fazer com ele. Sabes que estão prestes a abrir a tua barriga e retirar o teu bebé precioso. Era suposto eu fazê-la nascer e não fazerem-no por mim. Esses pensamentos abalaram-me de tal maneira que fiquei agitadíssima e, ao ficar descontrolada, não houve outro remédio senão adormecerem-me. Valeu-me o tempo todo o meu marido estar comigo, ele foi o meu porto seguro.
Ela nasce, forte e saudável sem nenhum sofrimento, que alívio! Mas eu perdi o primeiro choro, o primeiro contacto com a pele dela. Não a vi nascer. Quando me acordaram já ela estava vestida sobre o meu peito junto à minha cara, com a enfermeira a tirar uma foto de família.  Acordei confusa, sem saber onde estava mas nunca mais me vou esquecer do que senti quando a vi pela primeira vez. Achei-a linda mas sem ter noção que era a minha filha. Só alguns momentos depois é que me apercebi que aquela bebé linda era a então esparada filha: aquele ser que ansiei conhecer e que cuidei dentro de mim com todo o carinho. Finalmente tinha nascido, era perfeitinha, estava cheia de saúde e, naquele momento, era isso que interessava. Já na sala de recobro começou logo a mamar e lembro-me de sentir o milagre que me tinha acontecido.

Durante meses tive de processar o facto de ter sido cesariana. Não soube lidar com isso e com a perda de alguns momentos que ansiei durante nove meses. Como tinha dito, sempre senti que poderia não ser capaz mas sempre acreditei que superaria o meu medo e que, a preparação que tinha tido me ajudaria. Sei, racionalmente, que a decisão da médica para ser cesariana foi a melhor para mim e para a minha bebé mas, emocionalmente, foi-me complicado aceitar e reconhecer que não fui menos "mulher" ou pior mãe. Tinha expectativas muito altas em relação à minha "performance" para esse momento. Não foi o dia mais feliz da minha vida como muitas mães descrevem. Não senti aquele amor e alegria incontroláveis. Não chorei de emoção. Foi sim o dia mais assustador e "ganzado" da minha vida. O dia que me senti frustradíssima por não ter sido como sonhei. Na minha cabeça tinha falhado e, ao estar agarrada a isso. impedia-me de desfrutar em pleno a minha bebé.  
Houve um momento de viragem, alguns dias depois do dia D, embalando-a nos meu braços, a OLHEI realmente e fez-se luz no meu coração. Esse sim, foi o dia mais feliz da minha vida. O dia que, embora não tenha ficado registado no calendário, perdoei-me por algo que, na verdade, não havia nada para perdoar. Tinha uma bebé maravilhosa que não reivindicava nada pois já a tinha recompensado vezes sem conta com momentos inesquecíveis.  Naquele instante tive paz e nesse dia nasceu uma mãe.

Os dias imediatos que se seguem ao dia D foram tempos nublosos que na verdade, não tenho muita recordação deles. Principalmente na primeira quinzena.
Lembro-me que só queria dormir.
Queria silencio.
Sossego.
Quando fiz o curso de preparação para a maternidade, a enfermeira que o ministrou - um anjo que me ajudou a ser mãe - falou-nos no baby blue (blue... pois sim...) uma "ligeira" depressão pós-parto e que o primeiro mês seriam dias difíceis que nada teriam haver como os relatos românticos que se leem nas revistas de propaganda de artigos para bebés ou nos relatos das celebridades. Eu sinceramente, na altura, achei que ela estava a exagerar. Não estava não. Foi bem pior do que ela descreveu.
Mais uma vez, tive uma alta expectativa ilusória que, depois do parto, iria ter a minha vida de volta. Tudo voltaria ao normal mas agora com uma bebé que se adaptaria à minha rotina.
Não poderia estar mais iludida e o meu pós-parto foi, esse sim, um choque de realidade.
Além de ter de suportar a recuperação de uma cesariana (dói, e muito, para todos os efeitos foi uma cirurgia) tinha, 24 horas por dia sem parar, de cuidar de um bebé recém-nascido e com toda a logística que isso envolve. Obviamente, eu é que tive de adaptar-me à rotina dela que se resumia a mamar durante hora e meia, com intervalos de 30, 40 minutos, dia... e noite.
Foi... inimaginável.
Chorei, não de emoção, alegria, blá, blá, blá mas de exaustão. Houve momentos que eu pensei que não ia a aguentar. Sentia-me a ficar maluca. Valeu-me o meu companheiro que, por não ter as hormonas completamente desequilibradas, colocava alguma lucidez na minha loucura.
A adaptação à nova realidade é de uma violência a todos os níveis tanto para a mãe como para o filho. A juntar à loucura que é, de repente, teres uma castração de liberdade, privação de sono e ter um ser colado às nossas mamas (estas de repente sempre ao léu) há um vai e vem de pessoal que, sem fazerem por mal, querem ver, pegar, falar alto, fazer sala, saber pormenores, dar bitolas e - cereja em cima do bolo - ver a baby a mamar. O teu espaço é invadido e a tua intimidade é completamente exposta. De um dia para o outro, as minhas mamas deixaram de ser minhas, eram da minha filha (ok.) e do pessoal que adorava ver o espetáculo.

Para mim, dar de mamar é uma das maiores dádivas que se pode dar a um filho. Um acto de amor único que não consigo colocar em palavras. Apesar de no inicio não ter sido nada simples - aqui a tal enfermeira, também conselheira de amamentação foi crucial para o sucesso do mesmo - consegui resistir ao cansaço e adaptar-me ao esforço que também o é. 
Aos poucos descobri que adorava (e adoro) dar de mamar à minha filha e, adoro ainda mais dar-lhe colinho, sempre que quer. Não quero dizer que seja fácil e à noite é... para lá de cansativo mas, posso afirmar, que foi a dar colo no sossego das noites e a dar de mamar no silencio das madrugadas que me apercebi do amor indescritível que sentia por ela.
Foi ao estar sozinha e acordada quando todos dormiam que tomei consciência que, de bom grado, sacrificava  o meu descanso, o meu espaço, a minha liberdade e o meu tempo em prol dela.
Passei sim o chamado baby blue ( devia chamar-se black) e aí permiti-me chorar, gritar, agir como louca, ser desagradável algumas (talvez muitas) vezes mas só assim consegui aguentar.
O ponto de viragem foi quando deixei de fazer as rotinas que tinha aprendido nos livros e fiz o que intuitivamente sentia (mais uma vez!!!). Literalmente, ela passava os dias ao meu colo, mamava e dormia quando queria. Eu adaptei-me à rotina dela e isso "libertou-me"de obrigações que não faziam sentido, pelo menos, nos primeiros meses de vida. 
Os primeiros tempos foram realmente duros, um bebé, ou melhor, um filho, põe-nos à prova e leva-nos ao limite das nossas forças físicas e psíquicas. Drena-nos toda a energia e  a nossa vida passa a ser deles e para eles. A recompensa: o sorriso e o olhar sincero e puro deles, dá-nos força para tudo.

Aos poucos, tudo vai acalmando. As adaptações realmente acontecem e tudo melhora. No inicio não acreditava nisso mas é verdade. Os desafios, esses não acabam. O cansaço, esse, passa a fazer parte de nós. As noites nunca mais voltam a ser as mesmas, aliás, só agora passado alguns meses, é que tenho a plena consciência que a minha vida nunca mais vai voltar a ser a mesma. Nem é melhor nem pior, é diferente com uma linda menina a enriquecer a minha vida todos os dias e com todo o desafio que isso envolve.
O que falta? Equilíbrio.
Para cuidar-me mais, para reivindicar um pouco do meu espaço, para também ter tempo para mim. Para dedicar-me momentos só meus e de lazer sem sentir-me culpada. Para permitir-me descontrair e descansar. Para concentrar-me quando vou dar as minhas aulas de dança. Para saber delegar e acreditar que ela fica bem a quem eu confio.
Para lembrar-me que continuo a ser a Sara e não só a Mãe da Raquel.



Comentários

  1. <3 Um Abraço apertado! (Um dia destes vou-te dar um de verdade) Prometo que daqui a um ano e pouco essa sensação de perda de liberdade melhora! ;) Obrigada pelo teu testemunho, é importante que as mães e futuras mães leiam testemunhos destes, para que não se "deixem enganar" pelas pressões da sociedade e dos livros! :) Seguir o nosso instinto não pode NUNCA ser mau! :) Muito colo e muito Amor!

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    1. Fico à espera desse abraço!!
      Sei que entendes esta vivência... Um grande beijinho!!!

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  2. Tudo está bem, quando acaba bem ... mas o meu parto foi muito mais fácil .... Lol quando quiserem pegar um cineminha ou uma fuga ... sabem sempre que podem contar connosco. Beijos ������

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    1. Claro que sei que posso contar convosco. Aliás sem vocês e os meus pais não teria sido possível. ;)

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  3. Sara, obrigado pela partilha de algo tão teu...vosso...ninguém controla tudo e ser mãe é isso mesmo...amor, entrega e fazer o melhor que sabemos e deixarmos seguir pela intuição fêmea que temos! O que é bom para uma mãe e um bebe não é para outra!
    Seres individuais com comportamentos individuais, experiencias diferentes e maturidades diferentes!
    Um grande grande beijinho para vocês!
    Espero brevemente ver-te dançar!
    Cheila

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  4. Teu texto é lindo <3 Sempre acreditei em ti como pessoa professora e agora mae . Es maravilhosa e lutadora .

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    1. Obrigado Katia!!! E mais uma vez parabéns pela tua gravidez!!! Gostei muito de saber da boa nova!

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