Os segundos antes de entrar em palco podem ser assustadores. São nesses momentos, em que estou prestes a ir dançar, que uma mistura de sentimentos se apodera de mim. Sinto um nervosismo com uma adrenalina impossível de definir em palavras. É aí que uma insegurança indescritível me ocorre, seguido logo de uma coragem que me envolve vinda de não sei onde . Completamente em silêncio e sozinha, oiço, literalmente, o meu coração a bater depressa, o meu íntimo está aos pulos, mas o meu corpo está calmo, pronto para explodir em forma de dança. Fecho os olhos, faço uma pequena oração/meditação para que essa comunicação divina que é a Dança Oriental fale mais alto que o meu ego, respiro fundo, abro os olhos e aí vou eu... o que acontece a seguir é força divina, não sou eu.
Durante estes últimos nove anos que danço profissionalmente foi rara as vezes que os meus pais me foram ver dançar. Eles não gostam que eu dance. Raras as vezes que outros meus familiares fizeram questão de me ir ver. Quase sempre, arrasto a minha irmã para me acompanhar quando tenho algum trabalho que não quero por nada ir sozinha. É bom ter caras conhecidas no público, passa-nos uma energia reconfortante, torna-mo-nos mais seguros.
O único que sempre fez questão de me ver dançar foi o meu marido. Já perdi a conta das vezes que me ajudou, apoiou e acompanhou em centenas de apresentações que já fiz. E claro, que chega a um ponto que cansa... e não lhe apetece acompanhar-me, muito menos ter de pagar para ir ver-me.
O único que sempre fez questão de me ver dançar foi o meu marido. Já perdi a conta das vezes que me ajudou, apoiou e acompanhou em centenas de apresentações que já fiz. E claro, que chega a um ponto que cansa... e não lhe apetece acompanhar-me, muito menos ter de pagar para ir ver-me.
Na última actuação, um pouco antes do Natal, não foi excepção. Mais uma vez, como nos últimos trabalhos que tenho tido, fui sozinha, sabendo que não teria ninguém a apoiar-me no público, nem marido, nem familiares, nem amigos... ultrapasso, afinal já estou habituada a depender somente de mim...
Mas, desta vez, nesses segundos antes de entrar em cena, além de sentir tudo aquilo que que descrevi acima, bateu-me uma terrível solidão ao ponto de me virem as lágrimas aos olhos. No momento que faço a minha oração/meditação, DEUS/ENERGIA ou o que quiserem chamar, suspira-me e oiço: "Não! Não estás sozinha, tens quase duzentas pessoas à espera para te ver e EU estou aqui a apoiar-te"... não precisei de mais e vou. Começo a dança de costas e ao virar-me, quem é a primeira pessoa que vejo no publico: o Fernando.
Mas, desta vez, nesses segundos antes de entrar em cena, além de sentir tudo aquilo que que descrevi acima, bateu-me uma terrível solidão ao ponto de me virem as lágrimas aos olhos. No momento que faço a minha oração/meditação, DEUS/ENERGIA ou o que quiserem chamar, suspira-me e oiço: "Não! Não estás sozinha, tens quase duzentas pessoas à espera para te ver e EU estou aqui a apoiar-te"... não precisei de mais e vou. Começo a dança de costas e ao virar-me, quem é a primeira pessoa que vejo no publico: o Fernando.
Ele que horas antes não lhe apetecia ir, argumentando que já me tinha visto dançar mil e uma vezes, nem pensar em pagar para me ir ver... ali estava! E, pode não ter sido a melhor performance da minha vida mas foi das vezes que melhor me senti a dançar. Afinal, ele até pagou para me ir ver, e eu senti o seu apoio.
Foi a melhor prenda que tive este último Natal.
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