Avançar para o conteúdo principal

A minha carta aberta a Deus

Deus:
escrevo-lhe esta carta do fundo do meu coração...
estou cansada... extremamente cansada...
desta sociedade e de como ela nos força a ter de ser quem não somos...
de lutar para seguir o meu caminho não esquecendo os meus valores...
de um mundo que me sufoca com mediocridade, inveja e ignorância...
estou farta...
de ser explorada: pelo governo meu país, pelo comércio, pelos bancos, por quem tem a ilusão que é meu patrão...
de trabalhar, mostrar que sei o que faço e no final poucos dão valor...
do preconceito e desprezo que há pela profissão de bailarina...
dê-me força...
para não desistir de mim própria...
para não ceder à ilusão materialista desta sociedade...
para continuar o meu destino com a mesma garra de que tinha, quando toda esta viagem começou...
para mostrar a todos, mas principalmente à minha própria família, que não sou doida, nem estou enganada...
para ter coragem e enfrentar o que for preciso para realizar os meus sonhos e ir mais além do que alguma vez sonhei...
ajude-me...
a crescer espiritualmente...
a ser sábia nas decisões...
a ter equilíbrio emocional e físico...
a ser forte nas minhas convicções...
a ter oportunidades de dançar e tocar corações...
a ensinar e transformar vidas...
proteja-me...
das ciladas da vida e do lobo vestido de cordeiro...
do amigo que me rodeia mas afinal não o era...
de mim própria...
e agradeço-lhe...
por ser quem sou...
por tudo que tenho...
pelo dom que me deu...
pelos verdadeiros amigos...
pelos alunos e pessoas que me dão valor...
pelos desafios e lutas pois assim não me acomodo...
pelo abrir de olhos que tenho tido...
Obrigado...


Comentários

  1. Querida Sara, sinto a energia das tuas palavras.
    Essa força está dentro de ti, não te entregues ao desânimo, manda-o embora. Tocas corações, sabes que sim, olha o que já me ajudaste a fazer ;) e a tantas colegas mais.
    E a ti própria, tens a coragem de viver o teu sonho.
    À nossa volta, o cenário pode estar algo cinzento, mas pensa positivo e verás que atrais energias positivas.
    Estou por perto, se quiseres.
    Beijos, gosto muito de ti.

    ResponderEliminar
  2. OI! Estou numa fase que chamo "passar pelo fogo", e sei que quando sair dela estarei mais lúcida... mas a passagem custa!E ter coragem para assumir essa lucidez ainda mais.
    Beijinhos...

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Depois de tantos anos a Dançar e a Leccionar, não estás cansada?

  Queres uma resposta sincera a esta última pergunta selecionada desta série? Estou. Mas isso não me impede - por enquanto - de continuar. Eu sou bailarina e professora por vocação. Desde que me lembro sempre foi o "meu sonho" ser bailarina. E sempre me vi a fazer isso. A vontade de ser professora veio mais tarde, já em adulta, com a necessidade de querer passar os meus conhecimentos e experiência a quem me procura. Percebi, cedo na vida, que não seria feliz nem realizada se, pelo menos, não tentasse seguir a minha vocação. Com coragem, determinação e muita "fé", arrisquei. E depois de tantos anos, apesar de tudo, continua a fazer-me sentido. E, quando algo é tão natural e intrínseco a nós, é difícil ignorar e, largar. Com isto, não quero dizer que foi ou é fácil. E hoje, digo: preferia não ter esta vocação... preferia ter tido a vocação para ser médica, ou advogada, ou até arquitecta... tudo teria sido tão mais fácil. Tão mais aceite. E tão mais reconhecido...

Para ti, o que é mais importante no ensino da Dança Oriental?

Pergunta selecionada do mês de Abril e vou ser directa. Para mim, segundo a minha visão e experiência, o mais importante no ensino da Dança Oriental é conseguir empoderar aquela/e aluna/a passando-lhe o testemunho milenar da essência da D.O. Ensinar D.O., para além da sua complexidade técnica - porque não há propriamente um "guião" ou até mesmo formação para se ensinar como noutras danças - o mais importante é conseguir passar a sua essência. E aí está a questão: qual é a essência da D.O.?...  Esta é a pergunta que cada professora ou professor deve fazer. Se souber responder, ótimo! É meio caminho andado para criar ferramentas porque sabe o que está a fazer.  Se não sabe, eu acho que deve procurar saber.  Porque, digo-vos: o que mais impacta no ensino da D.O. não são a execução perfeita de mil e um movimentos, nem dezenas de coreografias... o que mais deixa legado é a forma e a atitude com que sentes a D.O. mostrando o seu carisma único. Há uma Alma a ser preservada indep...

Quero ser bailarina profissional de D. O. Como começo?

UI!!!!! Esta foi a pergunta selecionada deste mês de Maio e, deixa-me dizer-te: é uma pergunta para milhões. Foi exactamente esta a pergunta que fiz, há 21 anos atrás, à professora e única referência que tinha na altura. A resposta foi: "desenrasca-te". E, tive mesmo que me "desenrascar" numa altura que a Dança Oriental - embora na moda por uns tempos - carregava (e acho que ainda carrega, mas com menos peso) um grande preconceito, consequência de um legado de séculos de ignorância em relação a esta dança. E, passado duas décadas digo-te, a ti que queres lançar-te como bailarina profissional de D.O.: BOA SORTE! Porque não é fácil e, não há um guião. Há, ou tem de haver uma capacidade de resiliência e inteligência emocional que não é para todos. Se me lês regularmente, sabes que sou directa. Acredito que a verdade, sem floreados, vale mais que a resposta bonita e meiga. Neste mundo da Dança não há espaço para "meiguice". Há espaço - e tem de haver - para o ...