Avançar para o conteúdo principal

Sou sim maluquinha pelos animais e com muito orgulho

Há três anos e meio, escolhi, ter um animal de estimação. Um cão. 
Não sabia nada sobre eles, aliás, tinha medo deles. Mas mesmo assim, decidi, com o meu marido termos um. 
Apesar de toda a minha ignorância sobre o assunto, sabia que, ao entrar um ser vivo em minha casa (que não pediu para lá entrar), ele seria da minha inteira responsabilidade bem como o seu bem-estar. Sabia que o teria para o resto da vida e teríamos que nos adaptar a este novo ser.
Apesar também de ter uma tendência para gostar mais da raça labrador, nunca me fez sentido ter de "comprar" um animal... para mim, uma vida não se compra... adopta-se e assim foi, procuramos várias associações e a Nikita uma rafeirinha linda, aparece nas nossas vidas.  
Hoje sei que não fomos nós que a escolhemos, ela nos escolheu. Estava lá à nossa espera e na altura certa, nós vimo-la e nos arrebatou. Até hoje não consigo explicar a "química" que tenho com ela que foi desde o primeiro olhar.
Nunca tinha pegado num cão... nunca me tinha aproximado de um cão... nunca tinha passeado, alimentado, tocado num cão (parece impossível mas é verdade)... a Nikita, ensinou-me tudo acerca do universo canino com uma paciência e compaixão que nenhum humano consegue ter.  O convívio diário com ela  tornou-me melhor pessoa. É o meu anjo da guarda. Adoro-a!

Mas, o grande ensinamento que ela dá-me é fazer-me tomar consciência do modo egoísta que vivemos e da crueldade que infligimos aos animais a toda a hora. 
Já nem falo da industria barbara que é a produção e consumo de carne e derivados de animais... Já nem falo da industria de os usar como entretenimento... Já nem falo da industria de reprodução e trafico de animais exóticos e domésticos. Falo da ignorância e na estupidez só porque sim de "donos" (para mim este termo está desatualizado ninguém é dono de ninguém, temos sim à nossa responsabilidade outros seres) de animais de estimação que optaram por tê-los mas, "que afinal dão muito trabalho..." e acabam por depositar todas as suas frustrações nesse animal e por fim abandoná-los.
Há tanta, mas tanta crueldade mascarada de bondade nesses "donos" que me mete nojo. Hoje em dia não há, aliás nunca houve, desculpa para terem um animal amarrado, espancado, esfomeado, cheio de doenças, cheio de sede, à mercê de humanos doidos, egoístas e egocentristas. Os maltratos aos animais ultrapassam a minha imaginação e está estampado em todo o lado. 
A Nikita, sensibilizou-me para essa realidade que, sempre existiu, mas que eu escolhia ignorar. Só não vê quem não quer. Chamo a atenção que maltratar um animal é, também, desrespeitar a sua essência e a sua individualidade. É privá-lo da sua liberdade, necessidades, amor e respeito. Ter a nosso cargo um animal envolve amá-lo, ter paciência, ter consciência, ética e não "desistir" deles só porque tornou-se inconveniente ou porque não sabemos lidar com eles. 
Apesar de não conseguir salvar todos, salvei a Nikita. E deixei de ignorar a realidade estampada na nossa cara. Através do meu exemplo, atitudes e acções posso influenciar positivamente quem está ao meu redor. Não me é indiferente um cão ou gato de rua... posso dar-lhe um pouco de atenção, água e comida. Posso denunciar os maltratos. Posso assinar petições. Posso sensibilizar outros "donos" à esterilização, à importância das adopções e não à compra de animais independente se são de raça ou não, à educação dos mesmos e à sua psicologia, etc... há imenso que podemos fazer em prol destes seres que coabitam connosco e por todos os outros.
Sim... escolho não ficar indiferente.
Sim... escolho tentar fazer alguma coisa.
Sim... escolho não comer carne.
Sim... sou "maluquinha pelos animais"... cada vez mais e com muito orgulho.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Então, o que basta?

Desde que me lembro, oiço dizer que, para dançar é preciso gostar mesmo. Ter Amor, Paixão pela Arte da Dança. Concordo. Cresci a ouvir isto. Mas, basta?...  Hoje, depois de tantos anos dedicados à Dança, eu acho - melhor, tenho a certeza - que não.  Então, o que basta?... Sinceramente?!... Tudo. Danço desde sempre. E desde sempre, o meu Amor pela Dança impulsionou-me a continuar. Foi assim com a minha primeira paixão: o ballet e que continuou para a Dança Oriental onde foi "Amor à primeira vista." Tal como num casamento, a paixão inicial transforma-se num Amor. Amor este que se tornou profundo, amadurecido e, também calejado.  Manter uma relação, não é fácil nem romântica como se idealiza, muito menos incondicional. É necessário esforço, dedicação, responsabilidade, sentido e condições. Definitivamente, só o Amor não basta. Na Dança, sinto que é igual. É uma relação entre a bailarina e a sua arte. Há que investir nesta relação para que o Amor - base fundamental SIM - não fiqu

Afinal o que é ser humilde...

As bailarinas ouvem muitas vezes a palavra humildade, que temos de ser, viver e actuar com humildade. Concordo plenamente... Mas o que é humildade? E quem é que pode dizer a outro tu és e tu não és humilde? Socialmente uma pessoa humilde não ostenta riqueza nem vaidade, procura ser útil mas discreto e pede ajuda fazendo questão de dizer que não sabe tudo. Que pessoa humilde seria esta! E quase perfeita... Lamento desiludir, mas não tenho todas essas características! Sou humana, tenho defeitos e muitos... como todos vocês! Para mim, humildade é um valor que se adquire logo na infância e se desenvolve ao longo da vida. Mas acho que há vários graus e muitíssimas definições de humildade. O que pode ser para mim uma acção humilde para outro é algo bem diferente. Quantas vezes agimos ou dizemos algo que pensamos, que é natural aos nossos olhos, mas somos logo julgados: "Não és nada, humilde!" Penso: como bailarina, posso ser humilde? Vocês dir-me-ão: Claro! Tens mais é que ser h

Outro pecado, defeito ou talvez virtude

Não consigo ser hipócrita e cínica. Danço aquilo que sinto... e não há volta a dar. Por mais que tente, não consigo, fingir que estou alegre quando estou triste, gostar quando não gosto, rir quando me apetece chorar, mentir quando me quero dizer umas verdades. Sinceramente até hoje não sei se isto é uma virtude ou defeito. Ao longo da minha vida poucas não foram as situações em que se tivesse sido hipócrita tinha ganho mais, em que se o cinismo falasse mais alto tinha evitado inúmeras "saias justas". Muitas vezes a minha mãe e até marido dizem-me que não posso ser tão directa em certas situações, que às vezes a minha antipatia com quem não gosto é-me prejudicial. Dizem-me "finge" e eu respondo "é pá, não consigo" e não dá mesmo! Confesso que alguns comentários que dou, resposta impulsivas, atitudes de mau humor caem-me mal e transpareço uma brutalidade que não é totalmente verdadeira. Quem não me conhece fica a pensar que sou arrogante, antipática, conven