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A mostrar mensagens de 2023

Como é ser Mãe e Bailarina?

Esta foi uma das perguntas que me fizeram ao longo do mês de Novembro. Confesso que é uma pergunta difícil... sem uma resposta concreta e objectiva. A maternidade é tudo menos uma linha recta e, ser bailarina não é uma "profissão" qualquer. Sei que, para todas as mães, gerir e alavancar uma carreira é algo... para lá de desafiante. Exige um equilíbrio que, para grande maioria das mulheres, é desgastante e frustrante. Ser mãe, no mundo do trabalho, seja qual a profissão for, não é o mesmo que ser pai. Para nós, é muito mais difícil e exigente, onde a balança não está - nunca - equilibrada.  Ser Mãe e Bailarina não é muito diferente de todas as outras profissões mas há aqui um factor, que é incontornável, e que pesa (muito) nessa tal balança: o factor físico. É que o meu corpo, é o meu instrumento primordial de trabalho. E ter sido mãe, mudou esse meu instrumento. De repente, há um período na gravidez, que por mais em "forma" que estejas, não consegues mais... e tens

E assim, Dança após Dança...

Dia 1 Agosto completo mais um ano de vida. Quem me segue e conhece, sabe que gosto de celebrar este dia. Sempre, se possível, em família e nunca pode faltar o bolo de anos (my favorite cake). Para mim, o meu ano, começa verdadeiramente, não em Janeiro mas, assim que faço mais um ano. E, também quem me segue, sabe que gosto de fazer balanços e reflexões nesta altura. Porque, não vivo só para existir. E são estes "balanços anuais" que me servem como "estrela do norte" para não me perder no caminho da Vida. Se quisermos, nunca é só mais um ano que passou. Se quisermos E tivermos visão, percebemos que podemos, cada vez mais, tomar posse e dirigir com sabedoria esse caminho da Vida. Este foi o ano que tomei essa consciencia. Estou a meio da minha vida e só agora começo a ter A Lucidez. E com ela, vem certeza, confiança, uma estranha tranquilidade, paz. Talvez seja isto a que chamam maturidade... há quem também chame velhice... eu chamo autoconhecimento. Porque foi nisso

Então, o que basta?

Desde que me lembro, oiço dizer que, para dançar é preciso gostar mesmo. Ter Amor, Paixão pela Arte da Dança. Concordo. Cresci a ouvir isto. Mas, basta?...  Hoje, depois de tantos anos dedicados à Dança, eu acho - melhor, tenho a certeza - que não.  Então, o que basta?... Sinceramente?!... Tudo. Danço desde sempre. E desde sempre, o meu Amor pela Dança impulsionou-me a continuar. Foi assim com a minha primeira paixão: o ballet e que continuou para a Dança Oriental onde foi "Amor à primeira vista." Tal como num casamento, a paixão inicial transforma-se num Amor. Amor este que se tornou profundo, amadurecido e, também calejado.  Manter uma relação, não é fácil nem romântica como se idealiza, muito menos incondicional. É necessário esforço, dedicação, responsabilidade, sentido e condições. Definitivamente, só o Amor não basta. Na Dança, sinto que é igual. É uma relação entre a bailarina e a sua arte. Há que investir nesta relação para que o Amor - base fundamental SIM - não fiqu

O Palco II

No artigo anterior, expliquei como é importante a plataforma onde mostras a tua dança. Como O PALCO, independentemente da tua mestria, impacta a tua actuação. Ou consegue elevar ou pode condicionar. Com a experiência, aprendemos a lidar com todo o tipo de "palcos" que, infelizmente, o ideal do mesmo, não é aberto ou acessível a todos os bailarinos ou a todas as danças. Escrevi também que O Palco, quer queiras ou não, acaba por fazer uma triagem do espectador. E isso, também condiciona a tua actuação. A verdade, nua e crua, é que num evento ou numa ocasião, por mais  propício o ambiente seja à Dança Oriental - onde tu lindamente vais dançar, convidada ou contratada por quem promove o mesmo para enriquecer todo o evento e espaço - nem todos que assistem têm o desejo de te ver dançar. Simplesmente, nem estavam lá para isso em primeiro lugar. E está tudo bem.  É menos provável isso acontecer quando o espectador paga um bilhete para ir ver-te dançar em determinado espectáculo. Ind

O Palco

Sempre me imaginei dançar em palcos grandes, dignos, com condições e com um público interessado. Para mim, esse é o lugar dos bailarinos. De todos os bailarinos. E de todas as danças. Rapidamente, assim que enveredei pela Dança Oriental, dei-me conta que, infelizmente, esse privilégio não era para todos, muito menos para todas as danças. Logo, nos primeiros tempos como profissional, senti desmérito até, algum desrespeito e muito preconceito pela Dança Oriental e por ser bailarina de D.O. Começando (e acabando) pela minha própria família, passando por muitos promotores de espectáculos e de eventos. Claro, ir para palcos "dignos" tornou-se tarefa: Missão Impossível. Obstinada como sou, sonhei levar a Dança Oriental para esses palcos. E, dando "o corpo às balas" e por minha conta e risco, consegui alguns. Hoje em dia, depois de muito trabalho trilhado, está mais acessível e há menos impedimentos onde as portas de boas salas de espectáculo estão mais recetivas, mas, ain

Desenganei-me

Digo, desde sempre: A D. Oriental é para Todos mas, nem Todos são para a D. Oriental. O que achas?... Faz-te sentido? Aos longo dos anos, milhares de alunas já passaram pelas minhas aulas e pude perceber que todas, por uma razão ou outra, quiseram experimentar a magia da D.Oriental mas, poucas se mantinham. Percebia que havia uma motivação inicial que depois dessa "excitação" desaparecer, acabavam por ir embora. Faziam durante algum tempo, mas, mil e uma desculpas depois, desistiam... Honestamente, no início da minha carreira, achava que a culpa era minha. Que era eu que não conseguia ensinar ou motivar decentemente porque, na minha cabeça pensava: "como queres desistir de fazer esta dança? Como?!!" e culpava-me. No meu entender, esta dança era/é tão maravilhosa que, se desistiam, é porque não estava a fazer um bom trabalho como professora.  Hoje em dia, penso de maneira diferente. Percebi que, primeiro: o meu trabalho como professora de dança sempre foi - desde o p