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Lições de Vida e de Dança V - Amor / Paixão

Há 14 anos atrás apaixonei-me. 

Apaixonei-me por aquele colega de faculdade. E esse mesmo rapaz, 7 anos mais tarde casou-se comigo. Foi uma paixão forte, avassaladora, determinada, vermelha e quente como o fogo. Foi... passado, porque essa mesma paixão, depois de vivida, moldou-se... transformou-se.
Depois de tantas experiências sentidas e com o desgaste implacável do tempo, deparei-me com o lado negro da paixão. Veio o desanimo, a desmotivação, a desilusão, as dificuldades (montanhas delas). Essa paixão foi testada, abalada, apagada. Morta... mas Ressuscitada. Essa Paixão deu lugar ao Amor. Sentimento inexplicável, puro, espiritual.

Hoje posso dizer que AMO o meu companheiro, coisa que dizia mas não percebia anos atrás. O Amor é o resultado da passagem pelo fogo. É o equilíbrio entre o frio do gelo e o quente da chama. Não é só vermelho, são todas as cores do arco-iris. O Amor é o resultado do que aprendemos quando nos deparamos com o lado bom e com o lado mau. Não há amor à primeira vista, ele tem de ser conquistado, lapidado, alicerçado. Tem de ser construído e alimentado. 
O Amor dá trabalho... exige tempo, atenção, cuidado. Exige persistência. É um sentimento que é para todos mas nem todos estão preparados para o sentir. Por vezes é cansativo. Apela à nossa capacidade de não desistir. Faz-nos ultrapassar o que julgávamos impossível. Faz-nos descer à terra. Faz-nos procurar mais que o superficial.  Faz-nos alcançar o inalcançável.

Há 12 anos atrás tive outra paixão.
Apaixonei-me pela Dança Oriental. E como descrevi, hoje, também essa paixão transformou-se num Amor profundo, visceral, ancestral.
Amo a Dança Oriental. E é esse amor que me faz continuar a dançar, a ensinar e a partilhar. 
Tenho dois amores... que sortuda que sou!


Comentários

  1. Muito bem Sara! Além de bem escrito, o ter sido capaz de abordar a sua história de paixões, pelo homem agora da sua vida e pela dança oriental, depois da travessia do deserto - onde a vida mirra, calcinada pelo desespero, a raiva, a solidão, o abandono - vive agora de novo em estado de graça. Oxalá ele se perpetue ad semper, terá aí a verdadeira iniciação à sabedoria que acende a luz das estrelas que caem ao redor a dissipar as trevas dos que a conhecem e estimam. E deixe que lhe diga: o amor é a mais alta paixão alegre, que nos estimula A VIVER MAIS, SEMPRE MAIS E MELHOR. Bem haja!

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