Avançar para o conteúdo principal

Letting go...


"Thomas: In 4 years every time you dance I see you obsessed getting each and every move perfectly right but I never see you lose yourself. Ever! All that discipline for what?
Nina: I just want to be perfect.
TL: What?
N:I want to be perfect.
TL: Perfection is not just about control. It's also about letting go. Surprise yourself so you can surprise the audience. Transcendence! Very few have it in them."

Dialgo entre o coreografo Thomas e a bailarina Nina no filme "Black Swan"

O que é a perfeição senão pura ilusão.
Mas ter capacidade de nos superar a nós próprios e nos transcender, surpreendendo-nos, é o caminho mais perto para uma "perfeição" real.

Vivemos numa espera de ilusões, onde nos iludem desde pequenos com a exigência de uma perfeição errada, valores ditos em voz alta mas não vividos nem demonstrados, mostram-nos uma felicidade pobre baseada em riqueza monetária, falam em espiritualidade mas com almas podres, ensinam-nos a ficar calados quando nos apetece gritar.
E se me tivessem logo mostrado o contrário? A verdadeira realidade?
Escusava de ter passado por tanta desilusão e ter tido uma outra educação paralela, solitária, onde percebi que a esfera era falsa...

Em vez de ter estado obsessiva em atingir a perfeição através do controlo e no racional, o que era extremamente cansativo e chato, podia ter logo entendido que é, preferível transcendermo-nos que querer atingir falsas perfeições. Que surpreendermo-nos com o imperfeito é também ter felicidade, que não ter controlo é deixar Vida guiar-nos!
Anos de um ballet e técnica perfeita, era uma aluna exemplar, uma amiga incansável, uma filha obediente, uma namorada compreensiva... Tanta regra, tanta exigência, tanta prisão... para quê, porquê, ditado por quem?!!
Tão perfeita mas extremamente infeliz, insegura, medrosa. O caminho da suposta perfeição levou-me unicamente à desilusão e à infelicidade física e espiritual. Mas, não podia ser de outra maneira, não conhecia outra maneira, era suposto ser assim.

Há dez anos atrás, foi me dado a oportunidade de dar o meu grito de liberdade: Conheci a Dança Oriental.
Poderosa dança que fez com que abrisse os olhos e deu-me coragem para VIVER o que o Universo me preparou.
Ela mostro-me o potencial que tinha não me controlando, que na imperfeição surge a força para superar e aceitar-me a mim própria e a Vida como realmente é! Com as suas qualidades e defeitos!
Ouso dizer que 95% de quem faz ou aprende D. Oriental, não tem a mínima noção da oportunidade que lhes foi dado para qualificarem a vida. Acredito que é a própria D. Oriental que, numa sabedoria incompreensível perante a nossa limitada racionalidade, escolhe minuciosamente cada um que a pratica.
Não! Não é para todos e não, não é fácil, é um longo processo... mas já que foi escolhido, aproveite e LETTING GO!
Surpreenda-se a si próprio, transcendendo-se para surpreender a própria VIDA!

Comentários

  1. Olá Querida Sara :),
    não me considero de todo dona da verdade (ou do que quer que seja), mas deixo aqui o meu modesto comentário.
    Concordo contigo, ando a aprender a aceitar as imperfeições, a deixar-me ir, evoluir e crescer com elas. A minha auto-estima tem crescido e há-de continuar.
    A Dança Oriental dá-me tanto, fez-me crescer interiormente, ajuda-me a focar-me no momento presente, libertou-me de bloqueios internos, fez-me amar-me mais e ao Divino que há em mim e este processo é contínuo e dinâmico.
    Para mim é uma honra, uma bênção na minha vida (e a concretização de um sonho de menina) poder praticar Dança Oriental.
    Sinto definitivamente que não escolhi a Dança, a Dança trouxe-me a ela.
    Mas senti que era contigo que ia aprender, eras tu. Quando a intuição e a voz do coração te falam tão alto, é quase impossível não ouvires.
    Estou a aprender acima de tudo a gostar de me ver dançar e de me deixar ir, quando aprendemos o controlo temos de aprender a libertá-lo e deixar acontecer.
    Estou a gostar ainda mais das aulas desde o workshop, quando o exercício é tomar consciência do peso, ou fechar os olhos e deixar fluir, não pensar nada, só sentir, nem deixar sair o lado auto-crítico. Apenas DEIXAR fluir.
    Acho que me conectei mais profundamente Às raízes da Dança.
    Obrigada por tudo o que me tens ensinado, como dizes, acontece no momento certo.
    Beijinhos e até amanhã.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Afinal o que é ser humilde...

As bailarinas ouvem muitas vezes a palavra humildade, que temos de ser, viver e actuar com humildade. Concordo plenamente... Mas o que é humildade? E quem é que pode dizer a outro tu és e tu não és humilde? Socialmente uma pessoa humilde não ostenta riqueza nem vaidade, procura ser útil mas discreto e pede ajuda fazendo questão de dizer que não sabe tudo. Que pessoa humilde seria esta! E quase perfeita... Lamento desiludir, mas não tenho todas essas características! Sou humana, tenho defeitos e muitos... como todos vocês! Para mim, humildade é um valor que se adquire logo na infância e se desenvolve ao longo da vida. Mas acho que há vários graus e muitíssimas definições de humildade. O que pode ser para mim uma acção humilde para outro é algo bem diferente. Quantas vezes agimos ou dizemos algo que pensamos, que é natural aos nossos olhos, mas somos logo julgados: "Não és nada, humilde!" Penso: como bailarina, posso ser humilde? Vocês dir-me-ão: Claro! Tens mais é que ser h

Então, o que basta?

Desde que me lembro, oiço dizer que, para dançar é preciso gostar mesmo. Ter Amor, Paixão pela Arte da Dança. Concordo. Cresci a ouvir isto. Mas, basta?...  Hoje, depois de tantos anos dedicados à Dança, eu acho - melhor, tenho a certeza - que não.  Então, o que basta?... Sinceramente?!... Tudo. Danço desde sempre. E desde sempre, o meu Amor pela Dança impulsionou-me a continuar. Foi assim com a minha primeira paixão: o ballet e que continuou para a Dança Oriental onde foi "Amor à primeira vista." Tal como num casamento, a paixão inicial transforma-se num Amor. Amor este que se tornou profundo, amadurecido e, também calejado.  Manter uma relação, não é fácil nem romântica como se idealiza, muito menos incondicional. É necessário esforço, dedicação, responsabilidade, sentido e condições. Definitivamente, só o Amor não basta. Na Dança, sinto que é igual. É uma relação entre a bailarina e a sua arte. Há que investir nesta relação para que o Amor - base fundamental SIM - não fiqu

Outro pecado, defeito ou talvez virtude

Não consigo ser hipócrita e cínica. Danço aquilo que sinto... e não há volta a dar. Por mais que tente, não consigo, fingir que estou alegre quando estou triste, gostar quando não gosto, rir quando me apetece chorar, mentir quando me quero dizer umas verdades. Sinceramente até hoje não sei se isto é uma virtude ou defeito. Ao longo da minha vida poucas não foram as situações em que se tivesse sido hipócrita tinha ganho mais, em que se o cinismo falasse mais alto tinha evitado inúmeras "saias justas". Muitas vezes a minha mãe e até marido dizem-me que não posso ser tão directa em certas situações, que às vezes a minha antipatia com quem não gosto é-me prejudicial. Dizem-me "finge" e eu respondo "é pá, não consigo" e não dá mesmo! Confesso que alguns comentários que dou, resposta impulsivas, atitudes de mau humor caem-me mal e transpareço uma brutalidade que não é totalmente verdadeira. Quem não me conhece fica a pensar que sou arrogante, antipática, conven